Quatro anos após o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, a pergunta sobre quem foi o mandante do crime ainda não tem uma resposta. No dia 14 de março de 2018, as vítimas foram executadas a tiros no Estácio, no Centro da capital fluminense. Foram pouco mais de dez disparos no carro em que os dois estavam.
O Ministério Público do Rio informou que voltou a ouvir novos depoimentos e a reexaminar celulares que foram apreendidos durante as investigações, com o uso de tecnologias mais modernas.
Somente na última terça-feira (8), o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado recebeu documentos e objetos apreendidos na casa de um dos réus. Cerca de 1.300 imagens do caso foram entregues ao MP pela Polícia Civil apenas em dezembro do ano passado. Procurada a respeito da demora para a entrega, a corporação disse que o material sempre esteve disponível nos autos e poderia ter sido acessado pelo Ministério Público a qualquer momento. O MP foi questionado novamente, mas ainda não respondeu.
A falta de informações sobre quem mandou matar e qual a motivação do crime angustia as famílias a cada dia que passa. A mãe de Marielle, Marinete Silva, diz que revive a mesma dor todos os anos.
Era uma dor com saudade, uma dor de tristeza, uma dor de você ter perguntas sem respostas. E nesses quatro anos... a cada 14 (dia da morte), a gente reverbera tudo que a gente tem passado. A gente continua cobrando à espera, à busca de um resultado. Dói, não tem como não doer, afirma a mãe da vereadora.
O policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz estão presos, desde 2019, acusados de serem os executores do crime. Os dois ainda vão a júri popular.
Nos últimos anos, o comando das investigações passou por diversas mudanças. Há cerca de um mês, o delegado responsável foi trocado pela quinta vez. Em julho do ano passado, duas promotoras pediram para sair do caso alegando apenas interferências externas. A diretora executiva da Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck, vê as modificações com preocupação.
Provavelmente essas trocas influenciaram, quatro anos com tantas perguntas sem respostas, são trocas demais. Uma descontinuidade, uma falta de compreensão da importância de responder as perguntas e de fazer justiça por Marielle e Anderson, diz Jurema Werneck.
Na quarta-feira passada (9), familiares de Marielle Franco e de Anderson Gomes, além de membros de entidades de direitos humanos, se reuniram com autoridades responsáveis pelas investigações na Delegacia de Homicídios da Capital para cobrar respostas.
No dia seguinte (10), o Comitê Justiça Por Marielle e Anderson e os familiares se encontraram com o ministro do Superior Tribunal de Justiça Rogerio Schietti para saber do andamento e pedir celeridade no julgamento do agravo apresentados pela defesa de um dos réus. Os advogados questionam a decisão do Tribunal de Justiça do Rio de levar o caso para o Tribunal do Juri.
Ao longo desta segunda-feira (14), está programada uma série de atos, atividades e reuniões com autoridades para cobrar respostas e pressionar para que o crime não caia no esquecimento.