
Profissionais do Instituto Nacional do Câncer, no Centro do Rio, denunciam a falta de insumos básicos e medicamentos para pacientes mais graves.
A unidade do INCA na Praça da Cruz Vermelha, que é referência no tratamento da doença, vem enfrentando um problema na reposição de medicamentos considerados baratos, que não são propriamente no combate ao câncer, mas sim, a outros sintomas enfrentados em casos graves.
Um funcionário do INCA, que preferiu não ser identificado e teve a voz distorcida, acredita que o desabastecimento não seja causado apenas por um problema financeiro.
Falta remédio extremamente baratinho. Mostrando que é um negócio muito mais de gestão, que é capricho com o que é público, do que uma coisa só de dinheiro. A AAS, aspirina, 100 mg, aspirina infantil, é uma das medicações chave dentro do tratamento das doenças coronarianas. E não tinha AAS para tratar. A AAS custa dois centavos o comprimido.
Além disso, ele conta que itens básicos, necessários para o dia a dia do trabalho dos funcionários de saúde da unidade, também estão em falta.
Tá faltando luva, tá faltando um monte de anti-hipertensivo, tá faltando antibiótico, tá faltando alguns tipos de curativos, tem aquelas bolsas para colostomia. Então tá faltando muita coisa. Tem vezes que a gente não tem aquela luva pra fazer procedimento, e às vezes tem que usar a luva cirúrgica, que é estéril, é mais cara.
A reportagem da BandNews FM teve acesso a um e-mail enviado pela direção da unidade da Praça da Cruz Vermelha do INCA para os serviços diretamente impactados. Nele, a gestão diz que frequentemente entra em contato com a alta administração do Instituto relatando a falta de medicamentos e insumos, mas raramente obtém alguma resposta formal.
A mensagem ainda lista os itens com o fornecimento irregular no CTI, como coletor de artigos perfurocortantes, eletrodo para monitor cardíaco, esparadrapo, agulhas, luva cirúrgica, fio cirúrgico, compressa de gaze e cateter.
Entre os medicamentos, são citados pelo menos onze tipos de antibiótico, dez medicamentos para doenças cardíacas, quatro para tratamento de alteração no trânsito intestinal, quatorze tipos de analgésicos e cinco tipos de anti-inflamatórios, além de insulina
Em nota, o INCA diz que apesar da falta pontual de alguns insumos, o atendimento regular não foi afetado. O Instituto ainda afirma que eventuais desabastecimentos ocorrem por diversos fatores externos, como o desinteresse do mercado em fornecer pequenas quantidades.
Por fim, a nota esclarece que a reposição de medicamentos básicos e insumos nas unidades não é de responsabilidade do Ministério da Saúde, e que as compras são realizadas de forma independente.