A Justiça do Rio retoma nesta terça-feira (8) o julgamento da ex-deputada Flordelis, acusada de ser a mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, em 2019. Os filhos André Luiz, Marzy Teixeira e Simone dos Santos também são julgados, além da neta dela, Rayane dos Santos. Todos são acusados de envolvimento no crime.
No primeiro dia de julgamento, que ocorreu nesta segunda (07), apenas três das, pelo menos, 30 testemunhas, foram ouvidas. Algumas foram cortadas da lista e é possível que outras sejam retiradas ao longo do processo. Entre elas, os delegados responsáveis pelo caso Bárbara Lomba e Allan Duarte, e Regiana Ramos, a ex-patroa de Lucas dos Santos, filho da ex-parlamentar condenado como responsável por adquirir a arma do crime. O depoimento de Bárbara chegou a durar cinco horas e trinta minutos.
Sobre as alegações de Flordelis, que vieram à tona um dia antes do julgamento, de que a ela sofria abusos sexuais do marido, Anderson do Carmo, os delegados, em depoimento, falaram que, em nenhum momento, isso foi relatado durante as oitivas e investigações, desde 2019. O delegado Allan Duarte disse que acredita que a motivação do crime tenha sido financeira e questiona os supostos episódios de abusos nunca terem sido relatados.
Já a defesa da ex-deputada, por meio do advogado Rodrigo Faucz, disse que tem prints de mensagens que provam indícios de abusos e que não existem provas concretas que apontam Flordelis como mandante.
Durante a sessão neste primeiro dia, Flordelis passou a maior parte do tempo de cabeça abaixada e chorando. Familiares, amigos, a mãe e o namorado da ex parlamentar marcaram presença para prestar apoio e Flordelis chegou a falar com eles, de longe.
A expectativa é que o julgamento dure pelo menos três dias e vá até quarta-feira, mas, há possibilidade de ele ser prorrogado por causa do número de réus e de testemunhas ainda a serem ouvidas.
OS DEPOIMENTOS
Primeira a ser ouvida, a testemunha delegada Bárbara Lomba disse que apenas Flávio dos Santos, já condenado de ter sido o autor dos disparos que mataram o pastor, relatou um episódio que Simone, filha de Flordelis que é julgada, teria dito que sofreu abusos e toques indesejados. Além disso, a delegada confirmou que, pelos depoimentos, ficou confirmado que existiam relações entre eles e extraconjugais, mas sempre com consentimento.
Segundo a ser ouvido, a testemunha delegado Allan Duarte, que assumiu as investigações após Bárbara, se resumiu em mostrar as acusações e contradições dos depoimentos da família sobre a narrativa do crime. Ele apontou contradições no depoimento de Flordelis uma hora falando que, no dia do crime, foi comer petiscos e, outra hora, falando que tinha ido namorar ao ar livre. Ele lembra de quando a ex deputada disse que o carro com o casal estava sendo perseguido, mas, em imagens de rua, não havia ninguém. O delegado citou o episódio em que Marzy Teixeira, filha que está sendo julgada, manda mensagem para Flávio dizendo que era hora de "emboscar" e diz a polícia que estava dormindo. Depois, Duarte comentou as provas técnicas, como a busca no celular de Simone dos Santos, filha que está sendo julgada, onde aparece veneno para matar pessoas, em épocas próximas a de uma das internações de Anderson do Carmo. Por mim, recordou o diálogo de André Luiz, filho que está sendo julgado, com Flordelis, onde ela pede ajuda para por um fim na história do que chama de "traste", o que haveria involvimento de Rayane dos Santos, neta julgada, na contratação de um pistoleiro para matar o pastor, o que não teriam conseguido porque o mesmo trocou de carro na saída de um jogo. Tudo isso baseado nas investigações policais.
Terceira testemunha ouvida, Regiane Ramos, patroa da loja onde Lucas dos Santos trabalhava, fez depoimento baseado contra Flordelis. Ela disse que está passando uma perseguição com a família, acusou Flordelis de magia negra e de que a igreja dela e o movimento da ex deputada era falso. Regiane ainda acusou a ex parlamentar de forjar arrumar um advogado para Lucas, em uma tentativa de colocá-lo como responsável por todo o crime. "Eu sou evangélica de verdade, ao contrário da sua cliente", chegou a falar a testemunha à defesa de Flordelis, em um momento.