Puxada pelos Transportes, a prévia da inflação desacelera e fica em 0,21% em outubro. No mês anterior, o índice tinha sido de 0,35%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado pelo IBGE, ficou levemente acima do consenso do mercado, que estimava avanço mensal de 0,20%.
Nos últimos 12 meses, a variação do IPCA-15 foi de 5,05%, acima dos 5% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. O comparativo anual ficou em 3,96%.
Sete dos nove grupos pesquisados registraram alta em outubro. A maior variação e o maior impacto vieram de Transportes pelo segundo mês consecutivo.
As passagens aéreas tiveram a segunda alta consecutiva, de 23,75%, e o maior impacto individual no índice do mês. Principal combustível utilizado no setor, o querosene de aviação vendido pela Petrobras às distribuidoras registrou alta de 5,3% no início do mês, com influência na composição dos preços do transporte comercial de passageiros.
Com os temores sobre a extensão do conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas para países produtores de petróleo, o preço do barril passou por repiques, o que pressionou ainda mais a Petrobras. Na semana passada, a estatal anunciou aumento do diesel e queda da gasolina. No entanto, as mudanças só devem ser percebidas no IPCA de outubro.
Os grupos Saúde e cuidados pessoais e Habitação também aceleraram e tiveram forte peso no índice.
A deflação mensal ficou por conta dos grupos de Alimentação e bebidas (-0,31%) - com recuo pelo quinto mês consecutivo - e Comunicação (-0,29%). A queda no primeiro foi influenciada pela alimentação fora do domicílio, com destaque para o leite longa vida, o feijão-carioca, o ovo de galinha e as carnes. No lado das altas nos preços estão o arroz e as frutas.
Segundo a colunista de economia da BandNews FM, Juliana Rosa, a desaceleração pode auxiliar as famílias de baixa renda.
Claro, ajuda o orçamento de todo mundo, mas principalmente das famílias de baixa renda porque o alimento pesa mais no cômputo geral. A gente teve uma sorte grande de agricultura ter tido uma safra recorde, o clima ajudou muito. Então a gente teve uma redução expressiva no preço dos alimentos, principalmente carnes", afirma a colunista.
O mercado, por seu lado, acredita que, na parte da alimentação, há destaque no agregado anual para as proteínas, que tiveram deflação. No entanto, a tendência é a reversão do cenário, com leves altas previstas para as próximas divulgações.
O estudante de jornalismo Iago Araújo ressalta que ainda sofre com os preços dos alimentos, apesar do barateamento em relação a 2022.
Eu percebo uma melhora em relação ao ano passado. Realmente deu uma diminuída, mas ainda assim continua continuam caros, um absurdo. Qualquer comprinha que você faça dá ali os seus R$ 300,00, R$ 400,00, o que se torna uma coisa inviável mesmo", conta o estudante.
Responsável por ilustrar o porcentual de itens com aumento de preços no IPCA-15, o índice de difusão teve mais um recuo - de 47% para 42%, o que, de acordo com os analistas, foi uma boa leitura.
Nos índices regionais, oito áreas apresentaram alta nos preços em outubro. A maior variação foi registrada em Goiânia. Por sua vez, a maior queda ocorreu em Fortaleza, com recuo de 0,28%.