A Prefeitura do Rio iniciou, nesta sexta-feira (21), a demolição do segundo e terceiro andar do imóvel que desabou parcialmente na esquina das ruas Senador Pompeu e Visconde da Gávea, no Centro do Rio.
O trabalho, que é feito de forma manual, com pás e outras ferramentas, acontece após a Defesa Civil constatar, em uma vistoria, um risco grande da estrutura seguir desabando.
Na tarde desta quinta-feira (20), os escombros caíram sobre pelo menos quatro carros e motos que estavam estacionadas na via, que ficaram completamente destruídos. Um deles estava ocupado por um homem, identificado como Marcus Vinícius. Testemunhas contam que ele chegou a gritar por socorro, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
O dono de um depósito de bebidas que fica em frente ao imóvel que desabou, Edson Guilherme, presenciou o incidente.
Eu só escutei um estalo, escutei um grito bem longe, alguém gritou, 'sai, sai!' A gente correu para dentro da loja e nos jogamos lá no chão da loja e desabou tudo. E a gente veio aqui para fora. Infelizmente eu escutei o cara pedindo socorro, mas ele provavelmente já estava morrendo, que foi um impacto demais, as pessoas todas desesperadas, pessoas que passam aqui todos os dias. Foi questão de, eu acho que foi em cinco segundos a queda de tudo. Tristeza pelo nosso amigo ter morrido e medo também, principalmente o medo.
Há menos de um mês, as ruas atingidas pelos escombros estavam tomadas por foliões durante o carnaval. Valdemir José, que também trabalha no depósito, afirma que a tragédia poderia ser maior. Ele ainda diz que diversas denúncias sobre o estado de abandono da construção já tinham sido feitas.
Se qualquer pessoa passar na rua e reparar e olhar para cima, vai ver um monte de prédio aí com risco de desabamento. Muitas pessoas já ligaram aí para a Defesa Civil, pedindo para ver esse prédio aí, nunca foi visto nada. Já vieram aí, olharam, tiraram foto e nada, isso aqui é largado. Se fosse um carnaval ia morrer muita gente aqui, essa rua aqui estava cheia.
Segundo a Prefeitura, o proprietário do imóvel já tinha recebido notificações e intimações da Secretaria de Desenvolvimento Urbano desde 2014, mas não tomou nenhuma providência.
A última vistoria aconteceu em setembro do ano passado, quando foi constatado o estado acelerado de degradação, falta de telhado, queda de revestimento e risco de desprendimento do reboco da fachada.
Exatamente um ano antes do incidente desta quinta-feira (20), dois imóveis abandonados também desabaram na Praça da República, no Centro. Ninguém ficou ferido na ocasião, mas a estrutura também foi demolida. A reportagem esteve no local nesta sexta-feira (21), e constatou que os escombros ainda se encontram lá, não foram retirados.