Prefeitura do Rio decide adiar pela quarta vez implementação do sistema de bilhetagem Jaé

A decisão será anunciada oficialmente na tarde desta quarta-feir

Por João Boueri

Prefeitura do Rio decidiu adiar a implementação do sistema de bilhetagem eletrônica, o Jaé
Divulgação

Antes do anúncio de adiamento da implementação do novo sistema de bilhetagem eletrônica no município do Rio, a Secretaria de Estado de Transportes e Mobilidade Urbana já entendia que não haveria tempo hábil para concluir o cadastramento de todos os usuários para o início do funcionamento exclusivo do Jaé nos modais de transporte municipal. O início estava previsto para o dia 1 de fevereiro. 

A Secretaria de Estado de Transportes e Mobilidade Urbana também já tinha se manifestado sobre o pouco tempo para concluir a integração do Riocard com o novo sistema de bilhetagem do município.

O impasse também tem relação com a transmissão dos dados pessoais administrados pelo Riocard e que deveriam ser enviados ao Jaé, em caso de integração no sistema de transporte. 

Além disso, há questões que ainda precisam ser resolvidas na Justiça, como a implementação do sistema de bilhetagem do próprio estado que seria participativo e integrado com as outras empresas e poderia ser aderido por outros municípios. O modelo seria diferente do proposto pela Prefeitura do Rio.

Atualmente, o estado não "enxerga" o Jaé como um sistema de bilhetagem eletrônica confiável e teme possíveis fraudes pela inexperiência da empresa. 

Na manhã desta quarta-feira (8), o aplicativo do Jaé apresentou instabilidades, como conta a psicopedagoga Thamirys Romeu.

Por outro lado, a concessionária MetrôRio afirma que a implementação do novo sistema de bilhetagem no município do Rio, sem uma solução entre estado e Prefeitura sobre a integração dos cartões do RioCard e do Jaé, pode agravar a situação de desequilíbrio e aumento de custos no sistema de transportes. 

A empresa demonstrou preocupação com a operação do novo sistema de bilhetagem e um possível impacto à capacidade de acesso da população aos modos de transporte vinculados ao Estado com a necessidade de utilizar dois cartões diferentes para integração tarifária.

O ofício enviado à Secretaria de Estado de Transporte e Mobilidade Urbana e da Casa Civil ressalta que a substituição do sistema RioCard pelo Jaé, sem que haja o "devido teste e divulgação para a população", vai elevar o risco de perda do acesso ao benefício do Bilhete Único Intermunicipal. 

Na terça-feira (7), a Secretaria de Estado de Transportes e Mobilidade Urbana enviou ofício interno à Superintendência de Bilhetagem Eletrônica da própria pasta para obter mais informações acerca do andamento do Jaé.

Atualmente, a estimativa é que mais de dois milhões de cidadãos utilizem mensalmente os benefícios sociais da Tarifa Social ou do Bilhete Único Intermunicipal para deslocamento da Região Metropolitana. 

Em novembro, a Secretaria Municipal de Transportes notificou três vezes a concessionária CBD Bilhete Digital S/A pelo descumprimento de obrigação contratual. 

Uma das penalidades tem relação com transparência e possibilidade de fiscalização do município. Entre elas, manter disponível à Prefeitura informações como atividades realizadas no curso do contrato; informações a respeito do cronograma de implantação do serviço; cumprimento de metas e índices de desempenho; e números de usuários efetivamente transportados.

O documento do MetrôRio afirma que é necessário encontrar uma solução para a continuidade dos benefícios tarifários combinados com os modais municipais. 

A concessionária demonstrou preocupação com uma possível diminuição de passageiros no modal com a falta de integração direta. O MetrôRio disse que a situação pode acarretar em mais desequilíbrio no sistema de transportes metropolitanos. 

A empresa também destacou um estudo que mostra a diferença entre o valor da tarifa metroviária e da tarifa dos modais municipais. Em 2019, era de 13%. Cinco anos depois, em 2024, a diferença era de 74%. 

Na visão do MetrôRio, a situação se deve aos subsídios municipais e pela ausência de política pública integrada de subsídios com o governo estadual.

No ofício, a concessionária destacou que foi ameaçada pela Secretaria Municipal de Transporte caso o sistema Jaé não fosse aceito até dezembro de 2024 nas estações do modal. Em contrapartida, o município cancelaria as integrações existentes entre o sistema metroviário e os ônibus municipais.

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