Um policial penal foi imobilizado por detentos do Presídio Nelson Hungria, no Complexo Penitenciário de Gericinó, durante uma tentativa de fuga. O caso aconteceu na manhã desse domingo (10). A cadeia é apontada pela Polícia Civil e pela Secretaria de Administração Penitenciária como "quartel general" da facção Povo de Israel, alvo de uma megaoperação no último dia 22.
Segundo a Seap, os agentes agiram rapidamente e frustraram a ação dos detentos. Os cinco presos envolvidos ocupavam uma área reservada a custodiados que precisam ficar isolados dos demais. A BandNews FM teve acesso a áudios de agentes que presenciaram a ação dos detentos. Por questões de segurança, eles não tiveram a identidade revelada.
Um dos policiais explica que os presos chegaram a colocar fogo em um barril para dificultar a chegada das equipes ao local da rebelião.
A gente tem que tirar o colega, tem que tirar o colega, que eles estão botando fogo, a gente já foi entrando. Quando cheguei de frente para a galeria, eles fecharam a porta com um barril lá, um tonel, com fogo. O fogo tava alto 'para caraca, pô', meti o pé naquela droga lá. Só pensei no colega, irmão. Falei, 'pô, o colega vai morrer aqui nada.' Desamarramos o colega lá, e de olho nos caras, eu e colega só, tirei as amarras do... Da mão do colega, dos pés não dava para tirar, mandei o colega ir pulando mesmo pra sair.
O policial imobilizado estava socorrendo um dos presos, que simulou uma ocorrência médica antes do ataque. O agente passa bem. Em um áudio, ele relembrou os momentos de terror e agradeceu aos agentes que o tiraram dali.
Primeiro, eu agradeço a Deus. Passa um filme na minha cabeça, um filme diferente, galera, de tudo o que eu vi. A partir do momento que eu fiquei amarrado no cubículo, meu instinto era de sobrevivência. Então o que eu tenho para dizer é que você (o policial que o tirou das mãos dos detentos) foi um instrumento de Deus para me ajudar, cumprindo a missão de voltar para casa vivo.
Em nota, a Seap esclareceu que o caso foi uma tentativa de fuga frustrada e não teve qualquer relação com o coletivo de presos do presídio. Três dos presos foram transferidos para uma unidade de segurança máxima em Bangu 1. Os demais seguem no isolamento do Presídio Nelson Hungria. Eles vão responder a um procedimento administrativo disciplinar.