Policiais penais são presos acusados de facilitar entrada de drogas em presídios

Segundo as investigações, no Complexo de Gericinó, uma caixa box com quentinhas foi usada para carregar 20 quilos de entorpecentes, entre maconha e cocaína

Por Carlos Briggs

Complexo de Gericinó
Tânia Rêgo/Agência Brasil

Quatro policiais penais são presos acusados de envolvimento na entrada de drogas em presídios do Rio. Dois deles são suspeitos de facilitar ainda a entrada de aparelhos eletrônicos.

Segundo as investigações, no Complexo de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, uma caixa box com quentinhas foi usada para carregar 20 quilos de entorpecentes, entre maconha e cocaína. Também havia na caixa 71 celulares com 96 carregadores e 19 chips, além de três balanças de precisão, o que demonstra uma estrutura para a comercialização das drogas dentro dos presídios. Dois servidores foram presos. O flagrante aconteceu depois que um policial penal desconfiou do nervosismo do agente que levava as caixas para o interior da cadeia.

Já em Magé, na Baixada Fluminense, dois policiais foram presos acusados de levar drogas para o presídio local. Cerca de 200 pacotes de entorpecentes foram apreendidos no banheiro da sala usada pelos agentes.

Em função do baixo efetivo, as revistas nos presídios públicas do Rio são feitas de forma aleatória, revelando fragilidade na segurança do sistema penitenciário.

Um servidor da Secretaria de Administração Penitenciária reconhece os problemas.

A comida distribuída em 23 presídios do Rio é fornecida pela Cassaroti. Recentemente, a empresa passou a vender, com exclusividade, cestas de custódia, que incluem comida, materiais de higiene e uso pessoal. Os objetos são vendidos aos parentes dos presos, pela Internet. Como a Cassaroti tem exclusividade no serviço, os parentes dos detentos só podem comprar as mercadorias com a empresa.

Acontece que os preços praticados pela Cassaroti estão muito acima dos negociados pelo mercado. Itens como chinelos são vendidos pela empresa por R$ 92,14. No mercado, podem ser adquiridos por R$ 22,90. Há outros exemplos: um desodorante de creme, que a fornecedora vende por R$ 43,22, é negociado por R$ 5,24 no mercado. Um pacote com dez unidades de colheres descartáveis sai normalmente por R$ 2,99, mas a Cassaroti o vende para os parentes dos presos, com exclusividade, por R$ 26,92.

A nossa reportagem teve acesso a prints da página da empresa. Hoje, o site não fica mais disponível, e os itens são comercializados para as pessoas cadastradas.

Mas a empresa fornece o serviço apenas para parte dos presídios do Rio. Entre eles, o Gabriel Ferreira, que também fica no Complexo de Gericinó. A cadeia pública abriga as principais lideranças do Comando Vermelho, presos com alto poder aquisitivo. Diante do risco de eventuais subornos, a Justiça do Rio proibiu a instalação de uma cantina no local.

Outra unidade escolhida pela Cassaroti é a cadeia pública Serrano Neves, que também fica no Complexo de Gericinó e, da mesma forma, abriga lideranças do Comando Vermelho.

A BandNews FM espera resposta da SEAP e da Cassaroti.

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