A Polícia Civil tenta identificar a participação de mais uma pessoa na tentativa de homicídio contra o argentino Gaston Fernando Burlon. O episódio aconteceu na quinta-feira (12), no acesso ao Morro do Escondidinho, no Rio Comprido, na Zona Norte do Rio. O estado de saúde dele é considerado muito grave. A vítima segue no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio. A família pediu para que a Secretaria Municipal de Saúde não divulgue mais as condições de saúde.
Segundo testemunhas, um homem que estava em uma loja de conveniência próxima ao local do crime limpou a maçaneta da porta do veículo dirigido pelo ex-secretário de Turismo de Bariloche. Em seguida, segundo os relatos, o suspeito subiu e desceu o morro várias vezes.
A medida teria acontecido após dois bandidos abrirem a porta do carro, constatando que Gaston estava ferido. Um dos filhos chegou a pedir para os criminosos não atirarem mais.
Sandro da Silva Vicentel é apontado como o autor do disparo. Sandrinho, como é conhecido, teve a prisão temporária decretada pela Justiça do Rio na noite de segunda-feira (16).
O mandado foi expedido após decisão da juíza Alessandra da Rocha Lima Roidis. Após deixar de apreciar a representação de quatro prisões da Polícia Civil no final de semana, o Ministério Público opinou favoravelmente à prisão de Sandro. Para a promotora Luciana Rocha de Araújo Benisti, não há dúvidas sobre a existência do crime e os indícios de autoria.
A identificação do suspeito foi possível após relatos das testemunhas, que o reconheceram através de um mosaico de fotos. O órgão estadual também pediu o reconhecimento pessoal das vítimas, em caso de prisão do criminoso.
Na visão do advogado criminalista Taiguara Libano, Sandro ainda não é considerado foragido.
Com relação a um decreto de prisão temporária expedido, o indivíduo é considerado foragido a partir do momento que o sistema de justiça considera que ele esteve ciente do decreto de prisão e não se apresenta para o cumprimento. Não há um prazo legal específico, então as autoridades que vão avaliar no caso concreto quando esse quadro se revela.
Para o MP, a prisão de Sandro pode viabilizar a identificação dos demais autores. No entanto, o órgão estadual destacou que o paradeiro do criminoso é incerto.
O suspeito tem mais de 20 anotações criminais. Treze foram enquanto adolescente e sete após a maioridade. O bandido ainda registra três anotações de prisões e/ou apreensões. Os crimes notificados são roubo a pedestre, turista, estabelecimento comercial, residência, veículo e receptação.
Os agentes também tentam identificar um homem que estava na boca de fumo junto com ele.
Gaston Fernando Burlon estava a caminho com a esposa, dois filhos e a nora do Cristo Redentor. Ao entrar por engano no Morro do Escondidinho, com indicação do GPS, o carro foi alvejado e o argentino ferido.
Segundo o boletim médico de sexta-feira (13), Gaston estava em coma profundo com múltiplas fraturas cranianas. O paciente foi estabilizado, entubado e levado ao Centro de Terapia Intensiva.
Uma testemunha afirmou à Polícia Civil que o carro em que estava o argentino e a família estava em alta velocidade e que dois criminosos apontaram a pistola e ordenaram a parada. No entanto, o veículo teria acelerado, quando a testemunha ouviu dois disparos.
Atualmente, Gaston ocupa a presidência da Câmara Argentina de Turismo Estudantil. Parte dos familiares do argentino deve retornar à Buenos Aires ainda nesta semana. Eles recebem acompanhamento policial.
A Embaixada da Argentina lamentou o caso e está auxiliando a família do ex-secretário de turismo do país.
No mesmo inquérito, a Polícia Civil chegou a solicitar a prisão temporária de mais três criminosos. Cláudio Augusto dos Santos, conhecido como Jiló; Tiago de Oliveira, o TG; e Raphael Corrêa Pontes, chamado de "Pedro de Lara", são investigados por integrarem o tráfico de drogas da comunidade.
Onze mandados de prisão estão pendentes de cumprimento contra Cláudio Augusto. Segundo a Polícia, Raphael e Claudio ainda são suspeitos da morte de um turista italiano em 2016, que entrou por engano no Morro dos Prazeres.
No entanto, o Ministério Público foi contrário à prisão do trio por entender que "não há nos autos indícios de que tais indivíduos sabiam e autorizaram a prática do crime" contra o argentino.
No final de semana, o juiz Orlando Eliazaro Feitosa tinha negado os quatro pedidos de prisão feitos pela Polícia Civil durante o Plantão Judiciário. O magistrado entendeu que o pedido de prisão neste caso deveria ser julgado pelo Juízo Criminal ou pelo Plantão Judiciário Diurno. Para o juiz, não havia urgência para expedir os mandados de prisão durante o final de semana. O Ministério Público do Rio também entendeu que o pedido não merecia ser analisado pelo juízo plantonista pela falta de urgência qualificada.
Para a Polícia Civil, durante a representação da prisão cautelar, a demora na decretação dos mandados poderia gerar danos à investigação e que se trata de um "caso urgente e excepcional, com grande repercussão e repúdio social". A Delegacia Especial de Apoio ao Turismo ainda destacou que a não concessão da ordem de prisão, implicaria em uma "verdadeira sensação de impunidade".