
Os alvos da operação para reprimir crimes cometidos na internet, que foi realizada em sete estados do país nesta terça-feira (15), preparavam um ataque durante uma passeata LGBTQIAP+, que deve ser realizada no final do ano. A informação foi confirmada pelo secretário de Polícia Civil do Rio, delegado Felipe Curi.
Nesta terça-feira (15), duas pessoas foram presas e sete adolescentes apreendidos no âmbito da Operação Adolescência Segura. Cerca de 20 mandados de busca e apreensão também foram cumpridos pelos policiais dos sete estados com auxílio da Secretaria Nacional de Segurança.
A investigação utilizou relatórios de duas agências independentes dos Estados Unidos para auxiliar nos trabalhos de identificação dos crimes cibernéticos cometidos na internet.
O secretário Felipe Curi falou sobre a ação criminosa que estava sendo planejada para o final do ano no Rio de Janeiro.
Para atrair as vítimas, os criminosos utilizam mecanismos de manipulação psicológica e aliciamento de vítimas em idade escolar por meio de plataformas criptografadas como Discord e Telegram, onde promoviam desafios e competições para engajar os adolescentes, que recebiam recompensas na medida em que se destacavam nas atividades criminosas.
Segundo o delegado Cristiano Maia, os desafios e competição são planejados e conduzidos pelos chamados "oradores", que são os chefes dos servidores criados na plataforma.
A "Operação Adolescência Segura" aconteceu em São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul.
Em São Paulo, um mandado de internação provisória foi cumprido no bairro Guaianases, na Zona Leste. A mãe do adolescente infrator também foi presa.
Um outro adolescente também foi apreendido em Limeira, no Estado de São Paulo. Ele é um dos envolvidos no crime de maus-tratos contra um gato, o qual foi torturado e morto.
Ao menos dois celulares foram apreendidos, assim como computadores e documentos que passarão por perícia.
Entre os crimes previstos durante a investigação, estão tentativas de homicídio, indução e instigação ao suicídio, armazenamento e divulgação de pornografia infantil, maus-tratos a animais, apologia ao nazismo e crimes de ódio em geral.
As investigações foram conduzidas pela Polícia Civil do Rio, a partir do ataque contra um morador em situação de rua no dia 18 de fevereiro, na Zona Oeste da capital fluminense.
Na ocasião, a vítima estava dormindo e teve 70% do corpo queimado por um adolescente de 17 anos que lançou dois coquetéis molotov contra o homem de 46 anos. O crime foi filmado por um soldado do Exército e transmitido ao vivo para centenas de pessoas através do aplicativo discord, plataforma popular entre jovens.
No domingo (13), uma criança de oito anos morreu após inalar desodorante no Distrito Federal. Ela teve parada cardiorrespiratória e foi reanimada uma hora depois, mas teve morte cerebral. A principal linha de investigação é de que ela tenha tido acesso a um desafio publicado na internet.
No mês anterior, uma menina de 11 anos morreu em Pernambuco depois de participar também de uma mesma competição virtual.
Segundo o Instituto Dimicuida, de 2014 a 2025, 56 casos de crianças ou adolescentes, entre 7 e 18 anos, morreram ou ficaram feridos no Brasil por conta de desafios online.