Polícia indicia ex-motorista suspeito de manter socialite em cárcere privado

O ex-motorista da socialite de 88 anos se apresenta como marido dela, mas Regina afirma que foi mantida em cárcere privado

Por Pedro Dobal

Polícia indicia ex-motorista suspeito de manter socialite em cárcere privado
Divulgação

A ministra Maria Helena Mallman, do Conselho Nacional de Justiça, critica a decisão de uma desembargadora que manteve o ex-motorista da socialite Regina Gonçalves como responsável pelos bens dela. A autorização foi dada por Valéria Nascimento, do Tribunal de Justiça do Rio. O ex-motorista da socialite de 88 anos se apresenta como marido dela, mas Regina afirma que foi mantida em cárcere privado por ele e o acusa de maus-tratos.  

A ministra Maria Helena Mallman, que também é ouvidora nacional da mulher, encaminhou o caso à Corregedoria Nacional de Justiça, destacando que a desembargadora desacreditou da palavra da vítima e atuou em conjunto com a defesa do acusado ao repetir as alegações do suspeito na decisão.

A Polícia Civil já indiciou José Marcos Chaves Ribeiro, de 53 anos, por violência psicológica e por expor a perigo a integridade e a saúde física ou psíquica de idoso.  

Em depoimento, Regina disse que chegava a passar fome dentro de casa e que perdeu 40 quilos. 

O delegado responsável pelo caso pediu à Justiça que o ex-motorista e outros três suspeitos sejam proibidos de se aproximar da vítima e que José Marcos deixe de administrar os bens de Regina.  

O ex-motorista nega a acusação de maus-tratos e diz que os parentes estão se aproveitando da incapacidade cognitiva da socialite, que estaria com demência em estado avançado.

O último laudo, feito pela Polícia Civil, confirma que Regina Gonçalves apresenta sinais de demência, mas ainda não tem alterações que afetem a capacidade de entendimento e decisão. Durante o exame, os peritos notaram leves lapsos de memória na idosa, mas ela demonstrou capacidade intelectual dentro da normalidade.

José também alega que é companheiro de Regina há cerca de 10 anos, com união estável reconhecida em 2021. No entanto, em um depoimento à Justiça do Rio em 2016, ele disse que era apenas motorista dela.

Os investigadores apontam que José Marcos e pelo menos outras três pessoas "atuaram contra a vítima e seu patrimônio".

Outro inquérito foi aberto para investigar possíveis crimes relacionados aos bens de Regina, mas a Polícia diz que já há fortes indícios de lavagem de dinheiro e associação criminosa. Os investigadores encontraram grandes movimentações de valores na conta bancária dela, que vão ser apuradas.

O advogado da socialite, Marcelo Pereira, diz que hoje ela acumula dívidas.

A perícia feita no apartamento da idosa encontrou diversos cofres abertos, sendo que um deles tinha sinais de arrombamento.

Uma mansão em São Conrado, na Zona Sul do Rio, também teria sido usada comercialmente pelo grupo sem autorização da socialite. Uma festa que aconteceria no local chegou a ser interditada pela Prefeitura do Rio.

Um vídeo obtido pela Polícia mostra um dos investigados dentro da mansão falanso sobre José Marcos. Ele o chama de "aproveitador de velha" e diz que o ex-motorista chegou a vender um imóvel dela por um valor muito mais barato do que o de mercado. 

O filho de uma das pessoas investigadas ainda teria tentado vender um piano da socialite nas redes sociais. Imagens de câmeras de segurança mostram o instrumento musical sendo transportado dentro do imóvel de São Conrado em maio do ano passado.

Em nota, a defesa do ex-motorista José Marcos disse que provas apresentadas foram ignoradas e que a socialite tinha sido interditada judicialmente com base no laudo de um perito nomeado pela Justiça.

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