Carros de luxo, imóveis, embarcações, motos e um cofre encontrado dentro da quadra da escola de samba Mocidade de Padre Miguel foram apreendidos em endereços relacionados ao bicheiro Rogério de Andrade e a pessoas ligadas à ele em ação da Polícia Civil e do Ministério Publico do Rio.
Ao todo, 25 mandados de busca e apreensão contra lavagem de dinheiro e organização criminosa foram cumpridos em endereços na Barra da Tijuca, Zona Oeste, em um restaurante em Ipanema, na Zona Sul e em toda a capital Fluminense. Além disso, equipes também foram até Angra dos Reis, na Costa Verde, e na fazenda de café do contraventor, em Vitória da Conquista, na Bahia.
A Justiça do Rio bloqueou R$ 40 milhões dele distribuídos em contas bancárias, investimentos, imóveis de luxo, embarcações, salas comerciais, terrenos, um sítio e um iate comprado em 2015 por 10 milhões de reais.
Desse valor, 16 milhões são de origem de ações ligadas ao jogo do bicho. Os outros 24 milhões são suspeitos de ilegalidade, mas ainda não foi comprovado pelos investigadores.
De acordo com as investigações que duraram quatro anos, os rendimentos lícitos dos investigados não são compatíveis com o patrimônio adquirido.
Rogério foi preso em agosto do ano passado com o filho, Gustavo, na casa da família, em Petrópolis, na Região Serrana. Policiais encontraram, no imóvel um bilhete, indicando o pagamento de propina para delegacias especializadas da Polícia Civil. Dois delegados já tinham sido presos, em maio, na primeira fase da operação calígula, da Polícia Federal.
Ele deixou o presídio em dezembro de 2022, após ser beneficiado por uma decisão monocrática do ministro Jorge Mussi, do Superior Tribunal de Justiça.
No entendimento do magistrado, o bicheiro acusado de subornar policiais e suspeito de ser o mandante de dezenas de assassinatos não representaria um risco para ordem pública. Esse foi o último ato de Mussi no STJ antes da aposentadoria.
As únicas medidas cautelares, previstas no habeas corpus, são uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento em casa durante a noite e a proibição de deixar a cidade e de manter contato com outros réus.
A investigação também apontou um vínculo entre Rogério de Andrade e Ronnie Lessa, o sargento da PM apontado como assassino da vereadora Marielle Franco.
O contraventor assumiu o controle dos negócios da família, depois de travar uma guerra sangrenta pelo espólio do tio, o cabeça da contravenção no Rio, Castor de Andrade.
Uma disputa que terminou com a morte do genro de Castor, Fernando Ignácio, assassinado há dois anos, no estacionamento de um heliporto.
Rogério também estaria por trás da morte do filho de Castor, Paulinho de Andrade, ainda nos anos 90. Ele chegou a ser condenado a dezenove anos de prisão, mas o julgamento foi anulado também por ordem do Superior Tribunal de Justiça.