
A Polícia Civil registrou cerca de 300 ocorrências envolvendo a exploração do serviço de internet em comunidades do Rio por organizações criminosas, desde o ano passado.
Na última semana, o Secretário responsável pela corporação, Felipe Curi, afirmou durante entrevista à BandNews FM que grande parte do lucro da facção Comando Vermelho, uma das maiores do estado, é proveniente das cobranças de taxas de luz, água e internet, além de roubos, enquanto o tráfico de drogas responde por apenas 15% da arrecadação.
Segundo o Delegado da Delegacia de Defesa de Serviços Delegados, Pedro Brasil, os criminosos aproveitaram o número maior de usuários de internet, em comparação com os de drogas, para modificar o método de crescer financeiramente.
Sem dúvida é uma atividade altamente lucrativa, é uma atividade que é um serviço de extrema capilaridade. Hoje é muito difícil uma pessoa que não utiliza o serviço de internet, desde uma criança até um idoso, passando por comércios que fazem entregas online, restaurantes. Todo mundo hoje precisa de internet. Diferente até de uma droga, por exemplo, em que nem todo mundo é usuário, a internet praticamente tem 100% de usuários numa comunidade. E o criminoso percebeu isso e começou a explorar.
Apesar deste tipo de atividade criminosa já ser monitorada há alguns anos no estado, o delegado Felipe Brasil também explica que o processo recente de expansão territorial pelas facções fez com que os registros aumentassem.
Não é uma novidade. Temos registros, pelo menos, desde 2017. Entretanto, o que estamos observando é um crescimento dessa atividade por parte desses grupos, principalmente por conta da expansão dos seus territórios. Então, houve um crescimento dessas fronteiras. Então, essa expansão começou a chegar em locais antes não dominados por eles, começou a atingir pessoas que não estavam localizadas dentro dessas comunidades, sob jugo dessas organizações criminosas.
A Secretaria de Segurança Pública desenvolve um mapeamento, a partir de dados da Anatel, de todas as empresas que atuam em regiões de comunidades no estado, com o objetivo de identificar os locais em que antes havia uma grande quantidade de fornecedores atuantes, escolhidos a partir da preferência do cliente, mas que agora contam com apenas um único provedor, criando um monopólio através da prática de extorsão por criminosos.