Polícia avalia envolvimento de Dr. Luizinho em inquérito sobre transplantados com HIV

Três sócios do laboratório PCS Lab Saleme, responsável por detectar o vírus nos doadores, são parentes do parlamentar.

Por Clara Nery

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Dr. Luizinho
Divulgação

A Polícia Civil não descarta a possibilidade de incluir o deputado federal e ex-secretário estadual de Saúde do Rio, Dr. Luizinho, na investigação sobre a contaminação de seis pacientes transplantados com HIV.  

Três sócios do laboratório PCS Lab Saleme, responsável por detectar o vírus nos doadores, são parentes do parlamentar. Luizinho ainda não é alvo do inquérito.  

Segundo o secretário de Policia Civil, Felipe Curi, os indícios apontam para uma falha operacional no controle dos testes. Os investigadores descobriram que houve uma determinação do laboratório para que as checagens nos reagentes fossem alteradas, visando o lucro, em detrimento da segurança do processo.

O delegado André Neves explica que os reagentes precisam de checagem diária, mas o laboratório teria determinado que os testes fossem realizados semanalmente.

A declaração aconteceu após a operação que tentou cumprir quatro mandados de prisão e 11 de busca e apreensão contra alvos investigados nos caso. O caso foi revelado em primeira mão pela BandNews FM. Novas ações devem ser realizadas e depoimentos serão colhidos para esclarecer os fatos.

Duas pessoas foram presas durante a ação desta segunda-feira (14). Walter Vieira, sócio do PCS Lab Saleme, foi encontrado em um endereço em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Além de médico ginecologista, ele é apontado pela polícia como responsável técnico do laboratório e quem assinou um dos laudos errados. Vieira é tio do deputado federal Dr. Luizinho, que foi secretário estadual de Saúde do Rio.

O segundo preso é Ivanilson Fernandes dos Santos, técnico de laboratório contratado para fazer a análise clínica do material que chegava da Central Estadual de Transplantes. Na Cidade da Polícia, na Zona Norte do Rio, ele apenas riu e não quis falar com a imprensa.

Outro técnico que tinha a mesma função, Cleber de Oliveira dos Santos, ainda é procurado. Também é considerada foragida a auxiliar administrativa Jacqueline Iris Bacellar de Assis, cuja assinatura aparece em um dos laudos que atestaram que os doadores de órgãos não tinham HIV.

Outros dois sócios da empresa, Matheus Vieira e Márcia Vieira, filho e irmã de Walter, foram conduzidos para a delegacia, prestaram esclarecimentos e foram liberados.

Os alvos dos mandados de prisão são investigados por crime contra as relações de consumo, associação criminosa, falsidade ideológica e falsificação de documento particular e infração sanitária.

A investigação conduzida pela Delegacia do Consumidor também apura se o laboratório falsificou laudos em outros casos, além dos transplantes.  

A defesa de Walter e Matheus Vieira negou a existência de um esquema criminoso para forjar laudos e informou que ambos prestarão todos os esclarecimentos à Justiça.  

Em nota, o laboratório disse que o resultado preliminar de uma sindicância interna aponta indícios de falha humana na transcrição dos resultados de dois testes de HIV e que dará todo suporte necessário às vitimas assim que tiver acesso à identidade delas.

Já Doutor Luizinho disse desejar punição aos responsáveis pelo caso.

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