Polícia abre investigação para monitorar uso de caminhões por criminosos do Rio

O aumento dos crimes de roubo relacionados a esse tipo de veículo chamou a atenção das autoridades

Por João BoueriGiovanna Faria

Polícia investiga o caso
Divulgação

A Polícia Civil abriu investigação para identificar a utilização de caminhões reboque por criminosos no Rio de Janeiro. O aumento dos crimes de roubo relacionados a esse tipo de veículo chamou a atenção das autoridades e levou motoristas até a Avenida Brasil, principal via expressa do país.

Na tarde de terça-feira (6), os profissionais do setor realizaram uma manifestação pacífica com dezenas de caminhões-reboque que partiram de Guadalupe, na Zona Norte, até o Mercado São Sebastião, na Penha, na Zona Norte.

Os policiais tentam identificar de que maneira os criminosos utilizam os veículos. Já se sabe que os bandidos também pedem dinheiro para liberar os automoveis roubados.

O empresário Bruno Cesar, de 42 anos, teve o caminhão-reboque da empresa sequestrado junto com o motorista e uma cliente. A mulher foi liberada em um dos acessos ao Complexo do Chapadão. Já o profissional foi levado para dentro da favela, onde foi mantido refém e depois liberado pelos criminosos. O pedido de resgate foi de R$ 20 mil. Bruno afirma que pensa em instalar câmeras de monitoramento interno nos dois veículos que possui.

Com mais de 58 quilômetros, fluxo diário de mais de 200 mil veículos e quase meio milhão de pessoas morando no entorno, a principal via expressa do país se tornou palco de assaltos, tiroteio, insegurança pública e violência nos últimos meses. ((A Avenida Brasil corta dezenas de bairros da Zona Portuária até Santa Cruz, na Zona Oeste da capital fluminense. A via expressa passa por diferentes comunidades ao longo de toda a extensão. Entre elas, as favelas do Complexo do Chapadão, de Israel e da Maré, na Zona Norte.

Na semana passada, um tiroteio interditou a Avenida Brasil por mais de 20 minutos no trecho de Cordovil, na Zona Norte, próximo ao conjunto de favelas denominado Complexo de Israel. Na ocasião, três pessoas foram presas.

Segundo o Instituto Fogo Cruzado, a região do Complexo de Israel registrou 10 tiroteios no mês passado, cinco vezes mais do que no mesmo período do ano passado. Comparado ao mês anterior, o número de tiroteios dobrou.

Nesse trecho, o confronto entre criminosos rivais também assusta moradores que ficam no meio da disputa entre o Terceiro Comando Puro e o Comando Vermelho, que domina regiões próximas como as comunidades do Guaporé e Quitungo.

No início de julho, um caminhão que transportava pneus foi sequestrado na via. Os criminosos renderam o motorista na altura da Vila Kennedy, na Zona Oeste. O homem e a carga avaliada em R$ 700 mil foram levados para a comunidade Vila Aliança, na mesma região. O segundo criminoso envolvido foi preso na manhã desta quarta-feira (7) em Costa Barros, na Zona Norte. Quatro pessoas são consideras foragidas.

Para o professor da UFF Daniel Hirata, além dos confrontos entre criminosos rivais, há também um aumento de operações policiais em regiões próximas à Avenida Brasil. Segundo o sociólogo, é necessário investir em inteligência.

A Polícia Militar planeja expandir o Sistema de Videomonitoramento e Reconhecimento Facial para a Avenida Brasil. A tecnologia é utilizada somente na Linha Vermelha, que conta com uma Central de Monitoramento que recebe imagens de câmeras ao longo da via. No entanto, ainda não há prazo para isso.

Em nota, a Corporação disse que a via expressa conta com policiamento de equipes do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE), durante 24 horas por dia, e que agentes das Rondas Especiais e Controle de Multidões (RECOM) também apoiam a estratégia de policiamento, assim como os batalhões das áreas cruzadas pela Avenida Brasil.

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