O vale-refeição dos trabalhadores da região Sudeste cobriu apenas 10 dias por mês em 2024. Os dados são de um estudo realizado pela Pluxee, uma operadora de cartões de benefícios. Segundo o levantamento, ao longo dos últimos anos, a redução no poder de compra do benefício têm sido constante.
Em 2019, o vale-refeição era suficiente para cobrir 18 dias do mês. Em 2022, esse número caiu para 13 dias. Nos dois anos seguintes, o benefício cobriu 11 dias. Porém, ao longo de 2024, com o aumento dos custos de alimentação, o índice registrou uma nova queda.
O levantamento revelou ainda que, no ano passado, o vale-refeição oferecido pelas empresas chegou em média, a R$ 22,58 por dia, representando um total de R$ 496,83 por mês. Já o custo de uma refeição completa é de cerca a R$ 51,61. Com isso, atualmente, os colaboradores precisam complementar mais de R$ 600,00 do próprio bolso para custear a alimentação. De acordo com a pesquisa, esse é o pior resultado dos últimos anos.
Comparando as regiões do Brasil, a Sudeste apresenta o crédito diário mais elevado, com R$ 24,39 por dia. Por outro lado, o custo médio de uma refeição nos estados dessa localidade é o mais alto do país.
Um técnico em segurança do trabalho, que preferiu não se identificar, trabalha no Centro do Rio de Janeiro e não consegue usar o vale durante todo o mês, pois ele recebe em média 25 reais por dia, valor menor do que a do refeição na região.
Então, a alimentação no centro da cidade é acima de R$ 35, R$ 38 para você se alimentar. Então, o Vale Refeição não comporta o mês inteiro, então, assim, eu tenho que arcar os custos colocando o dinheiro do meu bolso para fazer a alimentação no local ou então levar alguma coisa de casa.
O economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, Rodolpho Tobler, explica que o valor do benefício não condiz com o índice da inflação dos alimentos, o que faz a conta no final do mês não fechar.
O que a gente vê na maioria das vezes é que todas essas negociações salariais, reajuste do vale refeição, do auxílio refeição, elas se baseiam muitas vezes em índices mais agregados, índices de preço mais agregados. Só que quando a gente olha o efeito da inflação no grupo de alimentos, no grupo de alimentação fora de casa, que é onde se encontra o restaurante, a gente vê que essa inflação foi um pouco acima da média, por exemplo, da carne tem subido bastante e esses vales refeições, eles não são reajustados com uma frequência maior e muitas vezes por índices que são mais agregados.
Nas regiões Norte e Nordeste, o cenário é ainda pior. Nesses locais, o vale-refeição dura apenas 9 dias. O Centro-Oeste do país é que o que apresenta o melhor panorama, com o benefício durando 11 dias.