Poder de compra do vale-refeição dos trabalhadores sofre redução ao longo de 2024

Os dados são de um estudo realizado pela Pluxee, uma operadora de cartões de benefícios

Por Maria Eduarda Vieira

Poder de compra do vale-refeição dos trabalhadores sofre redução ao longo de 2024
Na região Sudeste cobriu apenas 10 dias por mês em 2024
Marcelo Camargo/Agência Brasil

O vale-refeição dos trabalhadores da região Sudeste cobriu apenas 10 dias por mês em 2024. Os dados são de um estudo realizado pela Pluxee, uma operadora de cartões de benefícios. Segundo o levantamento, ao longo dos últimos anos, a redução no poder de compra do benefício têm sido constante.

Em 2019, o vale-refeição era suficiente para cobrir 18 dias do mês. Em 2022, esse número caiu para 13 dias. Nos dois anos seguintes, o benefício cobriu 11 dias. Porém, ao longo de 2024, com o aumento dos custos de alimentação, o índice registrou uma nova queda. 

O levantamento revelou ainda que, no ano passado, o vale-refeição oferecido pelas empresas chegou em média, a R$ 22,58 por dia, representando um total de R$ 496,83 por mês. Já o custo de uma refeição completa é de cerca a R$ 51,61. Com isso, atualmente, os colaboradores precisam complementar mais de R$ 600,00 do próprio bolso para custear a alimentação. De acordo com a pesquisa, esse é o pior resultado dos últimos anos. 

Comparando as regiões do Brasil, a Sudeste apresenta o crédito diário mais elevado, com R$ 24,39 por dia. Por outro lado, o custo médio de uma refeição nos estados dessa localidade é o mais alto do país. 

Um técnico em segurança do trabalho, que preferiu não se identificar, trabalha no Centro do Rio de Janeiro e não consegue usar o vale durante todo o mês, pois ele recebe em média 25 reais por dia, valor menor do que a do refeição na região. 

Então, a alimentação no centro da cidade é acima de R$ 35, R$ 38 para você se alimentar. Então, o Vale Refeição não comporta o mês inteiro, então, assim, eu tenho que arcar os custos colocando o dinheiro do meu bolso para fazer a alimentação no local ou então levar alguma coisa de casa.

O economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, Rodolpho Tobler, explica que o valor do benefício não condiz com o índice da inflação dos alimentos, o que faz a conta no final do mês não fechar. 

O que a gente vê na maioria das vezes é que todas essas negociações salariais, reajuste do vale refeição, do auxílio refeição, elas se baseiam muitas vezes em índices mais agregados, índices de preço mais agregados. Só que quando a gente olha o efeito da inflação no grupo de alimentos, no grupo de alimentação fora de casa, que é onde se encontra o restaurante, a gente vê que essa inflação foi um pouco acima da média, por exemplo, da carne tem subido bastante e esses vales refeições, eles não são reajustados com uma frequência maior e muitas vezes por índices que são mais agregados.

Nas regiões Norte e Nordeste, o cenário é ainda pior. Nesses locais, o vale-refeição dura apenas 9 dias. O Centro-Oeste do país é que o que apresenta o melhor panorama, com o benefício durando 11 dias.

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