A Polícia Militar abriu uma investigação sobre corrupção envolvendo seus agentes, após a apreensão de uma planilha de pagamento de propina durante uma ação policial. O documento revela que, em apenas uma semana de 2020, traficantes do Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio, repassaram R$ 175 mil a policiais corruptos.
A planilha menciona nomes e unidades da PM dos envolvidos. A Corregedoria informou que todos os agentes identificados foram submetidos a processos administrativos disciplinares, que podem culminar na expulsão da corporação. Entre os citados, um policial conhecido como "Bigode Grosso" foi o maior beneficiado, recebendo mais de R$ 40 mil naquele ano.
O traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, apontado como líder do Complexo de Israel e responsável por parte dos pagamentos, se apresenta como evangélico. Ele proíbe a prática de religiões de matriz africana e celebrações católicas nas comunidades sob seu controle. Peixão, que tem sete mandados de prisão em aberto, é acusado de perseguir quem não segue sua religião.
A Polícia Civil levantou que o grupo comandado por Peixão é suspeito de desaparecer com pelo menos 28 pessoas desde 2017, sem que nenhuma tenha sido encontrada até hoje. A investigação também aponta que, durante a pandemia, o grupo expandiu seu território, assumindo o controle de cinco favelas e submetendo mais de 130 mil moradores a uma rotina de medo.
Recentemente, a Polícia Civil tentou prender Peixão em uma das comunidades controladas por ele, mas o criminoso conseguiu escapar. As investigações revelaram que a quadrilha financia uma vida luxuosa para seus integrantes, que possuem imóveis com piscina, sauna e até uma lagoa artificial.