A Petrobras está em fase de testes para a produção de querosene de aviação sustentável. A versão menos poluente do principal combustível da aviação civil é testada no Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação da estatal, no Fundão, na Zona Norte do Rio.
De acordo com o engenheiro de processamento sênior da companhia, Fábio Leal Mendes, a ideia é misturar um óleo de origem vegetal com uma parcela do combustível utilizado amplamente. Segundo ele, ainda não está decidido o porcentual do óleo vegetal da mistura, que deve ter como matéria prima a soja.
No entanto, Mendes não descarta que os custos de produção serão elevados. "O óleo de soja vem de um produto alimentício, então acaba saindo muito mais caro. O princípio encareceria", disse ele à jornalistas.
O patamar atual do valor do litro do querosene de aviação (QAV) vendido pela Petrobras às distribuidoras tem sido alvo de críticas das companhias aéreas. Na terça-feira (11), a Associação do Transporte Aéreo Internacional (Iata, em inglês) pediu ao Governo Federal brasileiro e à empresa a revisão dos preços do combustível.
Na avaliação de analistas do setor, a versão verde do querosene poderá encarecer ainda mais o produto. Dessa forma, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, defendeu incentivos para o querosene sustentável para se desenvolver no Brasil.
De acordo com o Plano Estratégico da Petrobras 2024-2028, a empresa pode produzir 15 mil barris por dia de querosene verde na Refinaria de Presidente Bernardes, em Cubatão.
A ampliação do portfolio verde da companhia não depende apenas da ampliação da cadeia produtiva, mas também de logística. Como mostrou a BandNews FM, o gerente executivo de Logística da estatal, Daniel Sales, defendeu investimentos em "dutos qualificados", para o QAV verde.
Captura de carbono
Para além de uma saída sustentável para o combustível de aviação, a Petrobras também quer concentrar esforços em outros projetos de descarbonização. A empresa assinou recentemente um acordo com o Governo do Rio para a criação de um centro de captura e armazenamento de carbono.
A estatal planeja acionar a própria rede de dutos, geralmente usada para transporte de gás e combustível, para transportar CO2 e reinjetá-lo embaixo da terra, em aquíferos, por exemplo.
O gerente de modelos tecnológicos da Petrobras, Vinicius Maia, argumenta que o projeto será importante para o posicionamento da companhia no mercado de créditos de carbono.
"É uma forma de você permitir a setores da indústria que são muito difíceis de se descarbonizar que eles, por exemplo, comprem créditos de carbono. Que consigam extrair o CO2 deles e mandar para essa rede de oleodutos e chegar até a nossa planta", relata.
Recentemente, a Petrobras anunciou a compra de créditos equivalentes a 175 mil toneladas de gases de efeito estufa (GEE) evitadas. Se concretizado, o novo projeto representaria a entrada da empresa do outro lado do balcão, como vendedora de créditos.