O Ministério Público do Rio identifica quase 15 mil pessoas físicas na folha de pagamentos secretos da Fundação Ceperj que também são inscritas no programa Auxílio Brasil, do Governo Federal. Segundo a promotora de justiça Gláucia Maria da Costa Santana, a lista sugere que foram feitas contratações de pessoas vulneráveis, o que deve merecer destaque nas investigações.
Além disso, 43 dirigentes nacionais e estaduais de 17 partidos políticos também realizaram diversos saques entre janeiro e junho deste ano. Os valores somados chegam a R$ 306.730,09. Do montante total, cerca de 35%, mais de R$ 105 mil, foram destinados a três políticos do Partido Verde. São eles, Arildo Mendes de Oliveira, com 12 saques; Doralice da Silva Cordeiro que fez nove saques; e Hermilda Maria Duppre, com seis saques.
Dos 14 partidos políticos que integram a coligação de Cláudio Castro para as eleições deste ano, integrantes de dez partidos receberam pagamentos da Fundação Ceperj. São eles: DC; MDB; PMN; Podemos; PP; PRTB; PSC; PTB; Republicanos e Solidariedade.
A Procuradoria Regional Eleitoral no Estado do Rio de Janeiro instaurou um Procedimento Preparatório Eleitoral, a partir das denúncias que envolvem a Fundação Ceperj, para analisar se houve prática de abuso de poder político e econômico, envolvendo a candidatura do atual governador Cláudio Castro, que tenta se reeleger. Segundo os procuradores regionais eleitorais, as contratações de possíveis apoiadores podem comprometer a legitimidade e a lisura do processo eleitoral.
''A Procuradoria Regional Eleitoral no Estado do Rio de Janeiro, por sua Procuradora Regional Eleitoral e pelo Procurador Regional Eleitoral Substituto, informa que instaurou o Procedimento Preparatório Eleitoral nº 1.02.000.001141/2022-33, a partir de denúncia sigilosa e com base nas reportagens do portal UOL, publicadas em 30 de junho e 18 de julho passados, cuja análise das circunstâncias dos fatos noticiados evidencia, em tese, a possível prática de abuso de poder político e econômico, envolvendo a pré-candidatura à reeleição do senhor governador Cláudio Bonfim de Castro e Silva, consistente na suposta contratação de colaboradores temporários, os ditos "apoiadores" de sua pretensa candidatura ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, por intermédio da Fundação Ceperj, com gravidade suficiente para comprometer a legitimidade e a lisura do processo eleitoral das Eleições de 2022.'' Afirmaram os procuradores Neide Cardoso e Flávio Paixão.
A PRE também solicitou que o MP não aceite o Termo de Ajustamento de Conduta, proposto pelo Governo do Estado, para que as investigações continuem. O Ministério Público já havia rejeitado o TAC, uma vez que o Ceperj não entregou toda a documentação solicitada, por não possuir os registros.
O Governo disse que ainda não foi notificado da decisão do Ministério Público sobre o TAC e está preparando a documentação para possível formalização do Termo de Ajustamento de Conduta. O Governo disse que todos os convênios e contratações da Fundação estão sendo apurados, a fim de constatar a regularidade da prestação dos serviços e outras eventuais falhas. A BandNews FM tenta contato com os partidos políticos.
*Estagiário sob supervisão de Luanna Bernardes