Pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos acreditam que podem ter encontrado vestígios de um navio escravagista que naufragou no litoral brasileiro.
Segundo o arqueólogo e presidente do Instituto AfrOrigens, Luís Felipe Santos, a embarcação à vela conhecida como Brigue Camargo reúne provas do tráfico transatlântico ilegal de africanos ao Brasil, considerado um dos maiores crimes da humanidade.
Durante um seminário no Arquivo Nacional, no Centro do Rio, nesta sexta-feira (7), Luis Felipe afirmou que os vestígios têm características do navio, porém, é necessário o aprofundamento dos estudos.
O Brigue Camargo foi roubado na Califórnia em 1851, pelo capitão Nathaniel Gordon, que navegou até Moçambique, de onde trouxe cerca de 500 africanos escravizados para o porto clandestino do Bracuí, em Angra dos Reis, em dezembro de 1852, quando foi afundado intencionalmente.
Parte dessa história se mantém viva na região do naufrágio do navio, na Costa Verde do estado.
O quilombo Santa Rita do Bracuí é uma comunidade tradicional que abriga descendentes de africanos escravizados.
Para a líder do grupo, Marilda de Souza Francisco, resgatar a história do navio escravagista é mais que uma reparação: significa a esperança de políticas públicas para a comunidade.
As pesquisas arqueológicas para a localização dos restos do navio no fundo da Baía da Ilha Grande foram iniciadas em 2022 e simbolizam a abertura de uma nova linha investigativa global em águas brasileiras.
O projeto Camargo-Bracuí representa a primeira iniciativa de estudos sobre os vestígios do navio escravagista.