O continente americano vive um momento sem precedentes em relação à dengue. A afirmação é do pesquisador Alex Rosewell, que é coordenador de Vigilância, Preparação e Resposta a Emergências e Desastres da Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil.
Apenas neste ano, são mais de 4,5 milhões de casos nos países da região, número três vezes maior do que o registrado no ano passado. Cerca de 83% das notificações da doença foram no Brasil.
Durante um seminário realizado na Fundação Oswaldo Cruz nesta quinta-feira (11), o representante da Opas disse que o número causa preocupação, já que impacta o funcionamento dos sistemas de saúde.
Apesar dos altos índices da doença, ainda há pouca procura pela vacina disponível para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos no Brasil.
A secretária de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, destaca que a pasta precisou remanejar doses prestes a vencer para outras cidades. Segundo ela, porém, o grande desafio é modernizar os sistemas usados para controlar os estoques, já que muitas vezes as verificações são feitas manualmente de órgão em órgão.
A Fiocruz afirma que a instituição colocou toda a capacidade produtiva a disposição da empresa fabricante da vacina, para que o imunizante possa ser produzido no Brasil.
Além da vacinação, outra estratégia que passou a ser adotada no combate à dengue é a soltura dos mosquitos com a bactéria Wolbachia, que impede que o vírus se desenvolva neles.
Segundo o presidente da Fiocruz, Mário Moreira, três novas fábricas do chamado Wolbito vão ser instaladas no Brasil até o ano que vem. A promessa é que Ceará, Minas Gerais e Paraná recebam as unidades.
Segundo o Ministério da Saúde, 117 cidades estão aptas a receber o método da Wolbachia, que já foi testado em cinco municípios e deve ser ampliado para outros seis.
Em todo o Brasil, foram registrados mais de 3 milhões de casos de dengue e cerca de 1.300 mortes confirmadas, o maior número de óbitos no século. Outras quase 1.900 mortes seguem em investigação.