2 milhões e 100 mil crianças e adolescentes vivem sem acesso adequado a água no Brasil. O dado faz parte de um levantamento do Fundo das Nações Unidas para a Infância, o UNICEF, com base no Censo 2022.
Os dados mostram que a falta de acesso a água afeta de forma mais intensa pessoas negras, indígenas e moradores das regiões Norte e Nordeste.
No Brasil, o porcentual de crianças e adolescentes negros sem acesso adequado a água, 4,7%, por exemplo, é o dobro do de brancos, 2,2%. Já entre os indígenas, o porcentual é 11 vezes maior do que o de brancos: 25%.
Rodrigo Resende, oficial de Água, Saneamento e Higiene do UNICEF no Brasil, ressalta que os números geram preocupação.
"O acesso inadequado ou inexiste podem levar uma série de problemas que prejudica o desenvolvimento de meninas e meninos em época escolar, levando o risco de doenças, atraso ou abandono e escolar e aumento das desigualdades"
Ainda de acordo com o Censo Escolar 2023, 7 mil e 500 escolas públicas não tem acesso adequado a água potável, o que afeta 1 milhão e 200 mil estudantes. Em 2 mil e 700 unidades de ensino, esse acesso é inexistente.
Rodrigo afirma ainda que, para mudar esse cenário, é preciso que sejam aprovadas leis que garantam a água potável nas escolas.
"Para mudar esse cenário recomendamos a priorização de investimentos no setor com o objetivo de ampliar o serviço de acesso à água potável e saneamento. Aprovar o projeto de lei 5696 de 2023 que tramita no Congresso Nacional que visa garantir o acesso a água potável nas instituições de ensino"
O UNICEF classifica o problema como uma emergência política.
A pesquisa levou em conta crianças e adolescentes de até 19 anos.