O tempo de permanência dos criminosos de outros estados no Rio de Janeiro tem chamado a atenção das autoridades, que já investigam as ligações do Comando Vermelho com facções de outros estados do país. O fenômeno da migração no mundo do crime organizado não é novidade, mas a longa estadia na capital fluminense sim. Segundo investigações, alguns bandidos chegaram a se mudar para o Rio ainda durante a pandemia da Covid-19 em 2020 e não retornaram mais para os estados de origem. Neste ano, mais de 20 desses criminosos foram presos ou mortos.
De acordo com o jornalista e escritor Renato Dornelles, o Comando Vermelho possui diversos acordos com outras facções, que surgem, muitas vezes, dentro dos próprios presídios.
Nas comunidades dominadas por facções no Rio de Janeiro, os bandidos de outros estados encontram o fortalecimento de alianças, do poder bélico, de negócios e até proteção. Mas, segundo especialistas, esses são só alguns dos motivos para a expansão. Pedro Castelo Branco, cientista político da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, ressalta que a capital fluminense possui outros fatores que contribuem para a migração, como o porto e o mercado consumidor.
Apesar de não ser novidade, a migração dos bandidos começou a ser mais discutida no estado em maio de 2022, após uma operação na Penha, na Zona Norte do Rio, com mais de 20 mortos. Na ocasião, as polícias Militar e Rodoviária Federal descobriram que criminosos, entre eles chefes de facções, estavam se escondendo em favelas da cidade, de onde davam ordens para o crime nos estados de origem.