PCS LAB não seguiu protocolos de preservação dos testes com o objetivo de maximizar os lucros

A informação é da Polícia Civil, que investiga o caso

Por Guilherme Faria

Pacientes contraíram HIV após PCS Lab Saleme aprovar transplante de órgãos infectados
Fernando Frazão/Agência Brasil

O laboratório PCS, investigado na contaminação de seis pacientes por HIV após transplantes, não seguiu adequadamente os protocolos de preservação dos testes. A informação é da Polícia Civil e foi ratificada por especialistas ouvidos pela BandNews FM.

Nesta segunda-feira (14), a corporação deu detalhes dos primeiros dias de investigação em uma entrevista coletiva na Cidade da Polícia, na Zona Norte do Rio.  

De acordo com os investigadores, a frequência de análise dos reagentes foi reduzida pelo laboratório, como explica o Diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada, André Neves:

O que ficou comprovado, até então, nas diligências realizadas, é que houve uma quebra do controle de qualidade (dos testes), visando à maximização do lucro e deixando de lado a preservação e a segurança da saúde dos testes. Os reagentes precisavam ser analisados sistematicamente, diariamente, e houve uma determinação, que estamos apurando, para que fosse diminuída essa fiscalização, de forma semanal. E, nessa lacuna, você flexibiliza e aumenta a chance de ter algum efeito colateral, esse efeito devastador que nós estamos analisando.

A diretora de comunicação da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica, Annelise Lopes, afirma que o controle de qualidade dos testes é importante para a garantia dos resultados.

Um dos passos do controle de qualidade do laboratório é chamado de controle de qualidade interno, que é esse controle de qualidade diário, onde nós utilizamos amostras-controle que têm resultados conhecidos. Então, a cada rotina de pacientes, e essa rotina é realizada todos os dias, precisa ser realizado o controle, acompanhando essa rotina. O controle de qualidade que testa os reagentes, os nossos equipamentos, é realizado diariamente, ou seja, sempre que eu faço uma rotina de pacientes, eu tenho que fazer um controle de qualidade interno.

A especialista explica, ainda, que o controle de qualidade interno é apenas um dos processos e que os laboratórios de análises clínicas devem contar com vários protocolos para garantir a segurança dos resultados.

O controle de qualidade interno é só uma parte de todo o processo, mas é ele que garante que todos os dias o meu equipamento está funcionando da mesma maneira, adequadamente, que os meus reagentes também estão funcionando conforme o esperado. Então, se a gente elimina essa etapa, do controle de qualidade interno, pode ser que tudo esteja funcionando adequadamente e que eu não tenha problema nenhum com o resultado dos pacientes, mas, se eu tiver um problema, eu perco a capacidade de detectar que isso aconteceu, e o resultado acaba sendo liberado erroneamente, sem o laboratório ter consciência de que ele tem um problema na mão.

A reportagem da BandNews FM questionou o PCS Lab sobre a redução da frequência de análise dos reagentes.  

Em nota, a empresa afirmou que uma sindicância interna apontou indícios de falha humana na transcrição dos resultados de dois testes de HIV e reforçou que está à disposição das autoridades que investigam o caso.

Tópicos relacionados

Mais notícias

Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.