Pai de menina baleada pela PRF diz que foi pressionado a depor durante cirurgia

Um dos agentes ainda teria afirmado que o pai não era médico e não faria falta durante o procedimento

Por Pedro Dobal

Pai de menina baleada pela PRF diz que foi pressionado a depor durante cirurgia
Menina baleada no Arco Metropolitano
Reprodução/ Redes Sociais

O pai da menina de 3 anos que foi baleada durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, relatou que foi constrangido por policiais a prestar depoimento enquanto a filha ainda passava por cirurgia.

A informação é do procurador da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Rodrigo Mondego, que participou de uma reunião com os familiares da criança neste sábado (9). Segundo ele, um dos agentes ainda afirmou que o pai não era médico e não faria falta durante o procedimento.

Heloísa dos Santos Silva foi atingida na quinta-feira (7), quando a família passava pelo Arco Metropolitano, na Baixada Fluminense. A menina está entubada e segue internada em estado grave no CTI do Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias.

Neste sábado (9), o Ministério Público Federal informou que vai apurar por que um homem que seria um policial rodoviário federal tentou entrar no CTI do hospital sem autorização. A direção da unidade disse que está analisando as imagens das câmeras e que o suposto policial foi impedido de entrar no CTI por um segurança.

Representantes da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio e do Ministério Público Federal também estiveram no hospital e conversaram com parentes da vítima.

O carro em que a família estava era roubado, mas o pai da criança afirma que nem ele nem o antigo dono sabiam da irregularidade. Na avaliação de Rodrigo Mondego, é preciso rever os procedimentos da corporação em abordagens a veículos suspeitos.

Em depoimento à Polícia Civil, o policial rodoviário federal que atingiu a menina afirmou que atirou três vezes contra o carro da família após ouvir disparos. Outro agente que estava na viatura disse que também escutou os tiros antes do disparo do colega e que a sirene estava ligada. No entanto, o pai de Heloísa afirma que a viatura estava com o giroflex desligado e não houve ordem de parada.

Os três policiais envolvidos na ocorrência foram afastados preventivamente e a arma utilizada foi apreendida. A Polícia Federal e a Corregedoria da PRF investigam o caso.

O Ministério Público Federal também instaurou um procedimento investigatório criminal para apurar a abordagem. O MPF ainda deve enviar um ofício à PRF pedindo que os policiais envolvidos no caso continuem afastados por pelo menos 30 dias.

Em junho, uma mulher morreu após ser baleada durante uma blitz da PRF na Rodovia Washington Luiz. O policial acusado de efetuar os disparos segue afastado das atividades.

Mais notícias

Carregar mais