Organizações tentam brecar exploração da Foz do Amazonas pela Petrobras

Representantes de entidades pedem que Ibama vete início de perfuração antes de análise técnica

Por João Videira (sob supervisão)

Organizações tentam brecar exploração da Foz do Amazonas pela Petrobras
Foto do satélite mostra foz do Rio Amazonas
Oton Barros/DSR/OBT/INPE

Representantes de 80 organizações ambientais, como Observatório do Clima e WWF Brasil, fazem um pedido ao Governo Federal para que o Ibama não autorize a Petrobras a iniciar uma perfuração na Bacia Foz do Amazonas, antes de uma avaliação.

A ação está prevista por uma portaria como forma de analisar a viabilidade da exploração de petróleo e gás natural. As entidades acreditam na necessidade da Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS).

No entendimento das organizações, a realização do procedimento deve ser uma prioridade.

O ofício afirma que a perfuração do primeiro poço - batizado de Amapá Águas Profundas - é a porta de entrada de um projeto mais amplo, que pretende expandir a exploração e produção de petróleo e gás natural em toda a Margem Equatorial Brasileira. 

ENTENDA O PROJETO

Em março, a Petrobras assumiu o compromisso de realizar a perfuração, após petroleiras como a TotalEnergies e BP desistirem dos ativos, pela morosidade de se obter licenças na bacia. 

De acordo com a companhia, a ação inicial ocorreria a cerca de 500 km da Foz do Amazonas.

Como mostrou a BandNews FM, o presidente da estatal, Jean Paul Prates, afirmou que o projeto está em fase de estudos e que a abertura do primeiro poço serviria para analisar o potencial de toda a região da Margem Equatorial. 

As entidades alegam ausência de consulta às populações afetadas e a possibilidade de ameaça ao ecossistema. 

"A abertura dessa nova fronteira exploratória é uma ameaça a esses ecossistemas e, também, é incoerente com os compromissos assumidos pelo governo brasileiro perante a população brasileira e a comunidade global."

Analista de políticas públicas do WWF Brasil, Daniela Jerez, também acredita na possibilidade de impactos na cultura local. 

“A exploração de petróleo por si só já é uma atividade de risco. Um eventual derramamento de óleo na Foz do Rio Amazonas é uma ameaça a um ecossistema que é considerado único no mundo porque a foz desse rio, o sistema de recife e os manguezais dessa região representam uma rica biodiversidade e também são fundamentais para a economia e para as culturas locais’, afirma Daniela Jerez.

O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, sinalizou avaliar a medida. Agostinho estipulou um prazo de 60 dias para responder aos pedidos da estatal para licenciamento da perfuração.

CONFLITO POLÍTICO 

O documento assinado pelos representantes das 80 entidades envolvidas foi enviado a diversos ministérios do Governo Lula e à presidência da Petrobras.

Mais notícias

Carregar mais