Onze PMs do RJ viram réus na Justiça pela morte de traficantes de São Gonçalo

A criminosa Rayane Nazareth, conhecida como Hello Kity, e outros três acusados de integrar o tráfico de drogas em São Gonçalo morreram em 2021

Por Thuany Dossares

Hello Kitty se exibia em fotos portando armas
Reprodução

Onze policiais militares, entre eles dois oficiais, se tornaram réus pela morte da traficante Rayane Nazareth Cardozo da Silveira, a Hello Kitty, e de outros três suspeitos no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, em julho de 2021. Entre os réus, está o tenente coronel Gilmar Tramontini da Silva, na época, comandante do Batalhão de São Gonçalo (7º BPM). Hello Kitty chegou a ser uma das criminosas mais procuradas da região.  

Segundo a denúncia do Ministério Público, que foi aceita pela Justiça do Rio, todos os agentes "com vontade livre e consciente e com propósitos letais", praticaram o homicídio contra Hello Kitty, Alessandro Luiz Vieira Moura, conhecido como Vinte Anos, e os seguranças deles, Mikhael Wander Miranda Marins e Victor Silva de Paula Faustino.  

Vinte anos era apontado pela polícia como uma das lideranças do Comando Vermelho (CV) em São Gonçalo e tinha um relacionamento com a traficante que também era conhecida por ter um perfil agressivo e estar à frente de guerras territoriais contra criminosos rivais. Segundo a polícia, Hello Kitty iniciou a vida no crime cometendo roubos na Região Metropolitana do Rio e se exibia nas redes sociais constantemente portando armas e em bailes funk promovidos pelo tráfico.

De acordo com o MP, os onze PMs ainda tentaram a "execução do crime de homicídio" contra Ricardo Severo, o Faustão, que não foi consumado "por circunstâncias alheias à vontade" deles, porque ele conseguiu escapar para uma área de mata do Salgueiro. Faustão também era apontado como outra liderança do Comando Vermelho.

A ação policial aconteceu durante o período vigente da ADPF 635, determinação pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, que restringia a realização de operações sem caráter emergencial na pandemia. Para justificar a ação,  o comandante alegou que uma família havia sido sequestrada.  

Mas, segundo a promotora Renata Bressan, a motivação foi fictícia e que, além disso, os réus desfizeram o local ao socorrer os criminosos para Hospital Estadual Alberto Torres.

Para Renata Bressan, o coronel Tramontini determinou que o tenente Thiago Holanda Burgos fosse até o Salgueiro com os nove PMs que integravam um Grupamento de Ações Táticas (GAT) para "executar a morte das vítimas, mediate múltiplos disparos de arma de fogo". Ela relata na denúncia que o comandante solicitou apoio do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Ação com Cães (BAC) e que na chegada deles, os policiais receberam a missão de "localizar o Faustão" e nenhuma ordem para buscar a família sequestrada.

A Polícia Militar informou que os referidos policiais estão afastados do serviço nas ruas.

Os réus são:

1) Gilmar Tramontini da Silva (tenente-coronel);

2) Thiago Holanda Burgos (1º tenente);

3) Gilsemberg Bittencourt Pessoa (3º sargento);

4) Tiago Ribeiro Brito (cabo);

5) Richard Ramos da Costa (cabo);

6) André Luiz Monteiro (cabo);

7) Anderson França (cabo);

8) Leandro Bastos da Rocha (cabo);

9) Anderson Oliveira Neto (cabo);

10) Alexandre Xavier da Silva (cabo) e

11) Gabriel Cosme Mota de Oliveira (cabo).   

A BandNews FM fez contato com a defesa dos militares, mas ainda não teve retorno.

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