O capitão da Marinha acusado de chamar um subordinado de "chimpanzé" disse que não tinha a intenção de ofendê-lo. A declaração foi dada em depoimento à Amazul, empresa pública de tecnologia vinculada à Marinha, onde o caso aconteceu. Foi aberto um procedimento interno para apurar a denúncia.
Segundo Pedro da Rocha, de 27 anos, o capitão de Mar e Guerra da reserva João Ricardo Reis Lessa o insultou, após ter se irritado com um erro no trabalho. João perguntou se o jovem era um chimpanzé e se ele não sabia ler, pois tinha entregado documentos errados.
Em depoimento, o capitão da reserva afirmou que, minutos depois, disse a Pedro que a intenção não foi de ofender o jovem, mas de mostrar que ele deveria ter verificado o material entregue ao chefe.
Apesar disso, Pedro, que atuava como cabo enfermeiro na empresa, precisou ser afastado por uma crise de ansiedade. Ele foi dispensado das atividades por pelo menos sete dias não consecutivos.
O caso é acompanhado pela Comissão de Direitos Humanos e Assistência Jurídica da OAB-RJ. O presidente, José Agripino, ressalta que Pedro teve que passar a ser atendido por um psicólogo.
O caso aconteceu em maio e é investigado pela Polícia Civil. Segundo a OAB-RJ, cinco pessoas testemunharam as ofensas. Três delas devem prestar depoimento nesta quarta-feira (24).
Procurada, a Amazul disse que o capitão João Ricardo Lessa pediu demissão e reiterou o compromisso com um ambiente de trabalho seguro, respeitoso e inclusivo. O pedido de demissão aconteceu em 5 de junho. A Amazul disse ainda que a Corregedoria vem promovendo um programa abrangente de suporte e treinamento em ética no ambiente de trabalho.
Essa foi a terceira denúncia de racismo que ganhou repercussão nos últimos dias. Na sexta-feira passada (19), uma argentina, que estava no Brasil para um fórum de educação musical, e um homem que seria carioca foram filmados fazendo gestos e sons de macacos na roda de samba Pede Teresa, na Praça Tiradentes, no Centro do Rio.
Um dos organizadores da festa, Wanderson Luna, foi informado pelos seguranças do evento que o casal estava com um grupo maior e que outras pessoas chegaram a imitar macacos para os profissionais.
O caso é acompanhado pela Comissão de Combate ao Racismo da Câmara dos Vereadores.
O episódio foi registado por uma frequentadora do evento, a assessora de imprensa Jackeline Oliveira. O caso foi registrado na delegacia pelos responsáveis pelo evento, que só ficaram sabendo do que aconteceu no dia seguinte. Outro organizador da festa, Alex Oliver, pontua que a maioria dos frequentadores da roda de samba é negra.
Os seguranças e outras testemunhas estão sendo ouvidos pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, que investiga o caso e vai intimar a dupla flagrada em vídeo cometendo os atos racistas. Os investigadores ainda fazem o trabalho de identificação do homem que aparece nas imagens.
A BandNews FM tena contato com o consulado da Argentina no Rio. Em publicação nas redes sociais, a Associação Orff Argentina, instituição sem fins lucrativos que a mulher argentina integra, disse que repudia atos de discriminação, mas afirmou que a professora estava no Brasil por conta própria, sem representar a associação, e que, na Argentina, no contexto de uma atividade pedagógica, a imitação de animais não tem cartáter racista. Publicações da associação na Internet identificam a mulher como Carolina de Palma.
Um terceiro caso veio à tona após o Ministério Público denunciar Francisli de Mello Galdino por racismo contra três jovens entre 17 e 18 anos em uma loja do Boticário, no Bangu Shopping, na Zona Oeste do Rio. Segundo as investigações, ela se negou a atender os clientes, alegando que o local estava cheio.
Em nota, o Boticário afirmou que repudia práticas de situações discriminatórias, preconceituosas e racistas e que está tomando as medidas cabíveis sobre a situação em questão.