Museu Nacional deve ser reaberto totalmente ao público em 2028

Segundo o diretor do museu, o adiamento do prazo em um ano se deve a dificuldades no repasse de verbas

Por Pedro Dobal

A restauração completa do Museu Nacional deve acontecer em 2028
Tânia Rêgo/Agência Brasil

Palco de uma das maiores tragédias da cultura brasileira, o Museu Nacional só deve ser totalmente reaberto ao público em 2028, dez anos após o incêndio que destruiu 85% do acervo de 20 milhões de itens da mais antiga instituição científica do país.

Segundo o diretor do museu, o adiamento do prazo em um ano se deve a dificuldades no repasse de verbas. Alexander Kellner também afirma que recebe apenas metade do valor que seria necessário para custear a manutenção do espaço de forma adequada. Nem mesmo a doação de R$ 20 milhões prometida pela Assembleia Legislativa do Rio chegou às contas da instituição.

"O Museu Nacional pegou fogo por um motivo, né? Falta de manutenção. Vamos equacionar isso, porque nós já estamos tendo entregas. Eu não posso ter infiltração na fachada. Eu tenho que cuidar disso agora e como é que eu vou cuidar disso? Tendo a manutenção. Mostrando ao mundo que nós aprendemos e agora vamos cuidar melhor da primeira instituição científica do nosso país, que também é seu primeiro museu, o Museu Nacional", explica o diretor.

Em 6 de junho de 2024, aniversário de 206 anos do museu, um primeiro espaço vai ser inaugurado ao público. Na Sala do Bendegó, estarão o meteorito de cinco toneladas, maior já encontrado no Brasil, e o esqueleto de baleia de quase 16 metros de comprimento. Itens doados por outras instituições também devem ser expostos.

O evento ainda deve marcar o reencontro de seis instrumentos produzidos a partir da madeira queimada no incêndio: dois violões, um bandolim, um cavaquinho e um violino. Hoje eles rodam o país e o mundo sob os cuidados dos seus padrinhos: Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Nilze Carvalho, Paulinho Moska, Hamilton de Holanda e Felipe Prazeres.

A ideia de ressignificar o material destruído pelas chamas partiu do músico e subtenente dos Bombeiros Davi Lopes, ainda no dia da tragédia.  

"Eu falei: 'poxa, eu posso fazer alguma coisa aqui para ajudar o museu'. Queimou, mas ele vai ser reconstruído. Uma porta não vai dar para ser uma porta mais. Ela queimou uma parte. E aí eu posso aproveitar essa porta como símbolo de lembrança de alguma coisa que tá ali. Uma mesa não vai ser uma mesa, mas ela pode ser um tampo de violão, um fundo ou uma lateral de um cavaquinho," afirma Davi.

De lá para cá, toda a fachada e parte do telhado foram recuperados. Em 2026, mais da metade do palácio deve ser reaberto, uma área de mais de 3 mil metros quadrados. O professor de Zoologia do Museu Nacional Paulo Buckup está ansioso por esse momento. Ele foi um dos diversos voluntários que se arriscaram em meio às chamas para tentar salvar parte do acervo.

"Eu conhecia o prédio, só que não tinha muito o que os Bombeiros pudessem fazer. Faltava água, faltava equipamento. E aí a gente começou a se dedicar a localizar acervo importante, porque nós temos coisas lá com mais de 100 anos, coisas que são insubstituíveis. Eu sempre digo que coisas como o Museu Nacional são maiores do que a vida, no sentido de que ali tem a vida de muitos pesquisadores, né?"

O incêndio ocorreu no ano em que o museu comemorava o bicentenário e completa cinco anos neste sábado (2). As labaredas consumiram toda o prédio principal, que já abrigou a família real e sediou a primeira Assembleia Constituinte da República. As exposições que encantavam os adultos e despertavam a curiosidade das crianças foram totalmente consumidas pelas chamas.

O inquérito da Polícia Federal concluiu que o fogo teve início em um curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado no primeiro andar.

Neste domingo (3), a partir das 10h, a instituição promove o Festival Museu Nacional Vive, nos jardins do palácio. O evento vai contar com uma série de atividades científicas, culturais e gastronômicas. 

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