No Brasil, as mulheres pretas ou pardas são mais afetadas pelas desigualdades na educação, no mercado de trabalho e na renda do que as mulheres brancas. Elas ainda são as pessoas que dedicam mais tempo aos afazeres domésticos e aos cuidados de pessoas. Os dados fazem parte do estudo Estatísticas do Gênero, divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira (8), no Dia Internacional da Mulher.
Em 2022, em comparação com os homens, as mulheres dedicaram quase o dobro do tempo aos cuidados de pessoas e afazeres domésticos. Essas tarefas consumiram 21,3 horas semanais contra 11,7 horas deles. As mulheres pretas ou pardas gastavam quase 2 horas a mais por semana nessas tarefas do que as brancas.
Tatiana Ferreira é uma mulher que se identifica como parda, com escolarização interrompida no ensino fundamental 2. Ela diz que dedica, em média, 16 horas por dia aos cuidados domésticos e dos filhos.
Para a socióloga e educadora Bárbara Dias, os dados não trazem novidades. Segundo a mestranda da Universidade Estadual de Campinas, para que os problemas sejam solucinados, é importante pensar também nas desigualdades entre as próprias mulheres.
Ainda segundo o IBGE, a proporção de mulheres brancas com 25 anos de idade ou mais que tinham completado o nível superior (29,0%) era o dobro do observado para as pretas ou pardas (14,7%) em 2022.
A participação dessas mulheres no mercado de trabalho também foi menor. 45,4% das brasileiras pretas ou pardas atuavam em atividades informais, enquanto a taxa para homens brancos foi de 30,7%, uma diferença de quase 15 pontos porcentuais.
Já o rendimento das mulheres em geral continua menor do que o dos homens. Elas receberam o equivalente a aproximadamente 80% dos salários deles.