Sócios das empresas suspeitas de fazer parte da chamada máfia das cantinas dos presídios do Rio já tiveram cargos no Governo do Rio. Marcelo da Hora dos Santos, sócio da Secomar, por exemplo, foi inspetor de Segurança e Administração Penitenciária, exonerado em 2017.
Já Mauro Silva de Carvalho, sócio do Bar Espetinho Tropical, teve cargo comissionado no Detran. Ele foi nomeado como chefe da unidade em julho do ano passado, um mês antes de ser concedida a permissão para a administração das cantinas. Apesar de estar com vínculo ativo no Portal da Transparência do Departamento, a exoneração de Mauro foi publicada em julho. Em março desse ano, ele chegou a ganhar mais de R$ 5 mil de remuneração líquida. O Bar Espetinho Tropical também chegou a fornecer alimentação para a Uerj, mas o contrato foi rompido em 2019.
De acordo com as investigações da Secretaria de Administração Penitenciária e do Ministério Público, desde 2019, ao menos 30 empresas e agentes da pasta realizavam um esquema de fraudes em licitação para manter um cartel controlando as cantinas físicas das unidades.
Nesta terça-feira (12), o MP foi às ruas cumprir quatro mandados de busca e apreensão em Copacabana, na Zona Sul do Rio, na Barra da Tijuca, em Sepetiba e em Bangu, na Zona Oeste. Dinheiro físico foi apreendido.
Dois advogados foram alvo da ação. Eles entraram com ações na Justiça contra o fechamento das cantinas, em nome dos presos, que, no entanto, não sabiam dos processos.
Além da Secomar e do Bar Espetinho Tropical, as empresas Winefood, Phippler e MeA também foram alvo da operação. No total, elas devem mais de R$ 25 milhões à Seap.
Valores das dívidas:
Winefood - R$ 20.451.361,15
Secomar - R$ 1.517.821,14
Phippler - R$ 906.963,13
MeA - R$ 443.792,51
Bar espetinho - R$ 819.052,81
Em junho, com as investigações da Seap, a Justiça determinou o fechamento das cantinas físicas, afirmando que a alimentação dos presos era dever do Estado. A medida também levou em conta uma recomendação do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, vinculado ao Ministério da Justiça. Em julho, uma nova decisão reabriu os espaços, que foram novamente fechados no início desse mês. Assim, a alimentação dos presos é oferecida através de e-commerce e pelas entregas de familiares durante as visitas.
A BandNews FM tenta contato com as defesas dos citados.
Errata: O contrato do Bar Espetinho Tropical com a Uerj foi finalizado em 2019 e não está mais ativo, como afirmado anteriormente pela BandNews FM. As folhas de pagamento desse ano nas quais consta o nome da empresa se referem à quitação de débitos atrasados da empresa pelo uso do espaço, que não havia pagado na época.