MP pode investigar novas informações reveladas por ex-PM Élcio de Queiroz

Em depoimento por vídeo-conferência, Queiroz informou que Ronnie Lessa sofreu tentativa de extorsão de alguns agentes da Delegacia de Homicídios da Capital

Por Mariana Albuquerque

MP pode investigar novas informações reveladas por ex-PM Élcio de Queiroz
Élcio Queiroz durante depoimento
Reprodução

Os promotores do Ministério Público do Rio disseram que podem investigar novas informações reveladas pelo ex policial militar Elcio de Queiroz durante o primeiro dia da audiência de instrução e julgamento do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa. Os dois, junto com o policial reformado Ronnie Lessa, estão presos, acusados no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018.

Em depoimento por vídeo-conferência, Queiroz informou que Ronnie Lessa sofreu tentativa de extorsão de alguns agentes da Delegacia de Homicídios da Capital, logo que os dois foram presos, em 2019. O ex pm também disse que chegou a ele que agentes da DH chegaram a extorquir Adriano da Nóbrega, suspeito de envolvimento no caso Marielle e morto na Bahia, em 2020, após operação policial. Ele estava foragido.

O depoimento de Queiroz durou duas horas e ocorreu no Tribunal de Justiça do Rio. Segundo o promotor do júri do MP, Fábio Vieira, as informações podem dar início a uma nova investigação.

Élcio de Queiroz informou que teve maior confiança em fazer delação premiada quando a Polícia Federal assumiu o caso, já que não confiava na Polícia Civil.

Detalhes sobre a execução, desmanche do carro usado no crime, esquema de gatonet para pagar despesas após a prisão e combinação de versões. Esses foram alguns detalhes contados pelo réu colaborador no processo.

Élcio firmou delação premiada com a Polícia Federal e já tinha confirmado participação no crime: ele foi o motorista do veículo usado no crime, a pedido e junto com o policial reformado Ronnie Lessa. Segundo Queiroz, ao perguntar sobre motivação do crime, Lessa teria respondido que era uma situação pessoal e que Marielle era um alvo dele.

O ex policial militar emparelhou o carro ao de Marielle, enquanto Lessa metralhou o veículo. Em depoimento, disse que Ronnie sabia o trajeto e as posições de câmera, como se tivesse estudado o local. Com a ajuda de Maxwell Simões, Elcio e Lessa descartaram os pedaços da placa do veículo próximo a uma estação em Rocha Miranda, além de pedir a um chamado Orelha para desmanchar o carro.

Élcio de Queiroz também confirmou outra situação a qual Maxwell responde: receptação. O ex pm disse que, com o dinheiro do esquema de gatonet que Suel fazia com Lessa, os custos de advogados e auxílios à família de Queiroz foram pagos. Mas que isso não durou muito tempo.

Élcio de Queiroz, assim como Maxwell Correia e Ronnie Lessa, está preso e participando a audiência por vídeo-conferência. Foi decidido que Lessa e Queiroz vão a júri popular, mas não há data definida.  

A viúva da vereadora assassinada Marielle Franco foi a primeira testemunha a prestar depoimento. Monica Benício se emocionou ao falar sobre o impacto da perda da mulher em sua vida. Ela também deu detalhes sobre a vida de Marielle fora do trabalho e como era o deslocamento da vereadora no dia a dia. Monica ainda relatou que o combate à milícia não era uma pauta própria de Marielle, mas do partido dela e de qualquer partido de esquerda.

A segunda testemunha a depor no a Tribunal de Justiça do Rio foi a viúva do motorista Anderson: Agatha Reis. Ela disse que o marido trabalhava com Marielle a pouco tempo, mas nunca relatou problemas de segurança envolvendo o transporte da vereadora.

Ainda pela manhã desta terça-feira (10), a assessora de Marielle, Fernanda Gonçalves Chagas, deu detalhes sobre o dia do ataque. Ela estava no mesmo carro, que foi metralhado, mas sobreviveu. Fernanda confirmou que não havia preocupação com ameaças ou atentados à vereadora, à época.

“Segundos depois do ataque, fiquei suja de estilhaço e sangue. Estava um silêncio. De Marielle e Anderson. Saí abaixada do carro porque achei que havíamos sido vítimas da violência no Rio, de um tiroteio. Pedi para chamarem polícia e ambulância.” 

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