Os promotores do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio (MP) garantem que conseguiram comprovar a participação do ex-secretário de Polícia Civil, delegado Allan Turnowski, no plano para matar o bicheiro Rogério de Andrade após o delegado Maurício Demétrio falar que precisava esperar o "Israel" voltar de uma viagem de surf para El Salvador para poder dar andamento ao esquema, em outubro de 2016.
Os dois delegados foram alvos de mandado de prisão da Operação Águia na Cabeça, na sexta-feira (9), acusado de envolvimento com a organização criminosa de contraventores que era liderada por Fernando Iggnácio - rival de Rogério de Andrade na disputa pelo espólio do bicho de Castor de Andrade.
De acordo com a denúncia, a afirmação de Demétrio sobre a viagem é corroborada pelo registro de entradas e saídas do Brasil fornecido pela Polícia Federal, apontando que Turnowski viajou para El Salvador naquele dia e retornaria 10 dias depois.
Segundo o MP, Turnowski seria o responsável por passar a proposta do grupo para Jorge Luiz Fernandes, o Jorginho.
A declaração foi dada logo após Demétrio estabelecer com Marcelo José Araújo de Oliveira o valor a ser pago por Jorginho pela execução de Rogério: R$ 3 milhões. O valor seria dividido em partes iguais entre os dois e Turnowski, ou seja, R$ 1 milhão para cada.
Inicialmente, a ideia era que o plano fosse executado até o final de 2016. No entanto, as investigações do MP indicaram que as tentativas homicidas contra Rogério de Andrade aconteceram, pelo menos, até 2018.
O Ministério Público conseguiu identificar três ocasiões em que Maurício Demétrio tenta arquitetar o assassinato do bicheiro.
A primeira seria em agosto de 2017, durante uma viagem do contraventor para a Espanha, em que Demétrio cogita um ataque em Ibiza.
No celular apreendido com o delegado, os promotores chegaram a encontrar fotos de postagens da referida viagem, assim como de outros momentos de lazer de Rogério com a família.
Dias depois, a ideia era combinar um ataque contra o bicheiro dentro de um shopping, com os assassinos vestidos com farda da Polícia Militar.
O último plano identificado pelo MP foi em junho de 2018, enquanto o contraventor estava preso. De acordo com a denúncia, a ideia era envenenar a comida que Rogério recebia.
Para os promotores do Gaeco, Turnowski atuava como um agente duplo na disputa entre as organizações criminosas, praticando atos voltados a beneficiar a organização antes liderada por Fernando Iggnácio e prejudicar a chefiada por Rogério de Andrade. Segundo a denúncia, o ex-secretário de polícia atuava de forma velada e dissimulada.
Em nota, a defesa de Allan Turnowski esclarece que a decisão pela prisão é baseada em em diálogos de terceiros, incompletos, fora de contexto e gravados em 2016, época em que Allan Turnowski sequer exercia cargos na Polícia Civil. Por isso, os advogados consideram que a decisão não tem elementos suficientes para as acusações.