O sepultamento da estudante de 17 anos que foi atropelada por um carro oficial do Governo do Rio na calha do BRT, na Zona Oeste, vai ser realizado na tarde desta quinta-feira (26) no Cemitério do Caju, na Zona Portuária. Fernanda Vitória Alves saia do colégio, quando tentou atravessar a Rua Cândido Benício. O trecho não possui faixa de pedestre e nem sinalização de trânsito. O caso aconteceu na manhã de terça-feira (24).
O motorista era contratado da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa. Marco André Pinho Vargas foi exonerado e vai responder por homicídio culposo - quando não há intenção de matar. Ele estava sozinho no veículo oficial, mas era responsável pela condução da secretária Danielle Barros. Entre 2024 e 2025, pelo menos seis viagens foram realizadas para levar a secretária a outros municípios.
Segundo a Polícia Civil, o motorista permaneceu no local e prestou depoimento. Ele contou que chegou a buzinar e tentar frear o carro quando viu a estudante de 17 anos atravessando a calha do BRT. O veículo oficial estava circulando na pista exclusiva do BRT, o que não é permitido.
A mãe da vítima, Daniele Alves, disse que se sentiu culpada quando recebeu a notícia da morte da filha.
A adolescente era aluna da Escola Estadual Professora Maria Terezinha de Carvalho Machado, localizada ao lado da estação Pinto Telles. De acordo com comerciantes da região, os alunos têm o costume de atravessar a pista do BRT. Em 2022, o município chegou a colocar grades para impedir o acesso de pedestres. No entanto, o material foi retirado depois de um furto e depois não foi recolocado, segundo relatos.
A Prefeitura do Rio estuda uma ação para reforçar a segurança viária na região. Técnicos da CET-Rio estiveram na Rua Cândido Benício para vistoriar o trecho na terça-feira (25).
Uma testemunha que viu o atropelamento conta que o carro estava em alta velocidade e que a estudante foi projetada pra frente.
A unidade de ensino colocou um aviso no portão de que as aulas ficarão suspensas até o dia 27 de março, em luto pela morte de Fernanda Vitória.
Ainda na terça-feira (25), durante a tarde, a família da estudante tentou liberar o corpo no Instituto Médico Legal, no Centro do Rio, mas não conseguiu. Os parentes conseguiram a Declaração de Óbito e deram entrada no Cemitério do Caju, na Zona Portuária, para realizar o sepultamento gratuito.
No entanto, eles encontraram dificuldades pela exigência de um comprovante de residência por parte da concessionária Reviver. A mãe de Fernanda precisou de atendimento durante a noite na Unidade de Pronto Atendimento da Tijuca, na Zona Norte.
Também na noite de terça-feira (25), a Defensoria Pública do Rio enviou um ofício à concessionária Reviver reforçando que existe um convênio, no qual basta a declaração de hipossuficiência da pessoa física.
Nesta quarta-feira (25), o corpo foi liberado após um imbróglio entre os familiares, a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e a concessionária Reviver.
O salário do motorista Marco André Pinho Vargas no cargo era de R$ 4 mil.
Em nota, a Secretaria do Estado de Educação lamentou a morte da aluna e afirmou que está em contato com a equipe da Escola Estadual Professora Maria Terezinha de Carvalho Machado para apurar as circunstâncias do ocorrido.
A Secretaria de Cultura e Economia Criativa disse que está em contato com parentes da jovem para prestar assistência, o que é negado pelos familiares.
Procurada, a concessionária Reviver ainda não se posicionou.
