Nove meses antes de saber da morte cerebral da filha, João Vítor da Silva Flora pediu socorro. O pai avisou que a pequena Maria Sofia Flora, de 1 ano, sofria maus tratos do padastro e da própria mãe, uma menor de 17 anos.
O pedreiro procurou o Conselho Tutelar de Arrarial do Cabo, na Região dos Lagos, no dia 10 de maio, do ano passado. Lá, relatou que a bebê apanhava com frequência. Acusou a ex-companheira, de espancar, por diversas vezes a filha, além de denunciar as agressões constantes que a menina era submetida pelo namorado da ex-companheira, Mateus Monteiro.
No fim do ano, o Conselho Tutelar mandou uma mensagem para o pai da criança, Através do WhatsApp, o órgão informou que o caso estava na Justiça e que a Defensoria Pública acompanharia o processo. Não houve mais retorno para a família.
No dia 7 de fevereiro deste ano, a pequena Sofia deu entrada no Hospital Municipal Evandro Freire. Como o estado de saúde da criança era muito grave, precisou ser transferida para o Hospital Municipal Albert Schwietzer. Entubada e sem responder a estímulos, teve a morte cerebral três dias depois. No dia 11, os aparelhos foram desligados.
Os exames de imagem detectaram traumatismo craniano. A equipe médica desconfiou de maus tratos e encaminhou o corpo da bebê para perícia, no Instituto Médico Legal. No IML, o perito Paulo Fidélis Teixeita atestou que a criança teve sutura entre os ossos da parte superior do crânio, na região da testa. Por conta das agressões, a pequena ainda teve diversas infiltrações hemorrágicas.
O delegado responsável pela investigação encaminhou a mãe, para internação em uma unidade de sócio educação. Flávio Ferreira Rodrigues ainda pediu a prisão temporária, de 30 dias, do padrasto, mas vai pedir que Mateus Monteiro fique preso até o julgamento do caso.
A avó paterna de Sofia afirma que a morte da neta poderia ter sido evitada. Romilda Nunes da Silva afirma que ela e o filho, que é o pai de Sofia, levaram provas de que a criança era maltratada e estava em risco de morte.
A testemunha é Maria Vitória Barbosa Oliveira, que foi vizinha de Sofia. Ela afirma que a criança era constantemente agredida e quando foi saber o que acontecia, foi ameaçada de morte pelo padastro da menina, Mateus Monteiro.
O Tribunal de Justiça se limitou a dizer que o processo em que o pai pedia a guarda da filha corre, no presente, em segredo de justiça.
Enquanto o caso segue sendo analisado pelo judiciário, Maria Sofia Souza Flora foi enterrada no dia 11 de fevereiro, no Cemitério do Caju, na Zona Portuária do Rio.