Síndicos e moradores de prédios em regiões do Rio de Janeiro ainda afetadas pela falta do abastecimento relatam que caminhões-pipa contratados são abordados no meio do caminho por pessoas oferecendo valores maiores pelo serviço. Com isso, quem solicitou o serviço acaba permanecendo sem água.
Paulo Prado é síndico de um condomínio no Flamengo, na Zona Sul da cidade. Ele conta que está sem água desde segunda-feira (25), já que o carro-pipa não chega ao destino.
"O carro pipa realmente ele sai pra entrega, mas no meio do caminho eles abordam o motorista e oferecem valores exorbitantes. Os que atendiam estavam oferecendo carro pipa a sete, oito mil reais, e aí eu recebi o telefonema de madrugada do pessoal que está acostumado a fazer o abastecimento para o condomínio, 'rapaz só consigo te entregar pela madrugada porque no meio do caminho eles abordam o motorista', e aí a gente está sem entrega, a gente não consegue carro pipa desde segunda-feira a gente está sem água."
Na Tijuca, na Zona Norte, a situação se repete. O prédio em que o médico Angelo Bartz mora já até interditou a piscina. Ele conta que a síndica chegou a pedir o caminhão-pipa por um valor alto, mas também não receberam o serviço.
"Ela tinha feito o pedido de um caminhão-pipa e que alguém parou o caminhão no meio da rua, ofereceu R$6.000 por uma quantidade de 20 mil litros, e daí a gente perde o caminhão porque alguém interpela o motorista no caminho. E atualmente, ainda precisando de água aqui na rua, a gente está comprando caminhão-pipa a R$6.000 em dinheiro. Tudo errado."))
Durante a manutenção anual no Sistema Guandu, pela Cedae, concessionárias de distribuição de água aproveitaram o período para realizar outros serviços, que só terminaram na quinta-feira (28). Com isso, o prazo estabelecido para que o fornecimento seja totalmente normalizado é até domingo (1).
A Secretaria de Defesa do Consumidor do Estado do Rio determinou a abertura de um processo administrativo para investigar as denúncias de cobranças abusivas por caminhões-pipa.
Segundo o Código de Defesa do Consumidor, elevar o preço de forma injustificada em situações de emergência é considerado prática abusiva, o que pode incidir em multa ou interdição do estabelecimento.
O Procon Carioca também notificou a concessionária Águas do Rio por conta de falhas no fornecimento de água na cidade do Rio. O órgão deu o prazo de 48 horas para que a empresa apresente a defesa e, caso seja configurada a infração, a Águas do Rio será multada.
Além disso, a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio enviou um documento à concessionária e ao governador Cláudio Castro solicitando informações sobre as medidas de reparação e suporte às pessoas e setores afetados pelo desabastecimento de água.
A BandNews FM aguarda uma resposta das concessionárias.