Moradores do Leblon, na Zona Sul do Rio, relatam a presença de sujeira no canal da Avenida Visconde de Albuquerque. Na manhã desta segunda-feira (16), a reportagem da BandNews FM esteve no local e flagrou acúmulo de lixo, resíduos de esgoto e mau cheiro no canal. Foram avistadas garrafas de plástico, embalagens de isopor, grande quantidade de folhas e até mesmo parte de um cone de sinalização dentro do canal.
A babá Georgia Gomes cuida de um bebê em um apartamento da via e todos os dias o leva para brincar em uma praça em frente ao canal. Ela reclama que o forte odor é constante e que não existe limpeza no espaço.
Realmente eles não têm uma atuação de limpeza, realmente é um odor muito desagradável pra gente que fica aqui com o bebê. Assim no entorno, eles fazem até uma manutenção, mas dentro do canal em si, não estão fazendo a manutenção mesmo. Está realmente cheiro desagradável. Esse calor, então, parece que aumenta o odor e realmente tá muito ruim. Inclusive, semana passada tava até assoriado o canal. Muita areia tapou aquele canal lá da praça, tava fedendo. Fedendo mesmo, horrível, porque assoriou e eles não limparam.
O mau cheiro também foi relatado por uma comerciante da região, que preferiu não se identificar.
O cheiro ruim eu já senti umas duas vezes que eu cheguei aqui, senti um cheiro muito ruim vindo desse canal, mas limpando eu nunca vi. Eu trabalho um dia sim, um dia não, e nos meus dias nunca vi.
Em setembro, a partir de informações de um relatório obtido pela reportagem, foi divulgado que a concessionária Águas do Rio notificou alguns locais por despejar irregular no Canal da Avenida Visconde de Albuquerque, no primeiro semestre de 2024. Na ocasião, o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, foi um dos advertidos. O despejo foi identificado por fiscais da concessionária que realizaram testes na galeria de águas pluviais da Rua Mário Ribeiro. Os agentes constataram que os banheiros do hospital estão conectados à rede.
Em nota, a Águas do Rio informou que não é responsável pela remoção de lixo do canal. Sobre a presença de esgoto, a concessionária informou que, desde setembro de 2022, equipes operacionais realizam ações de fiscalização no canal da Visconde de Albuquerque para combater o despejo irregular nas galerias pluviais da região.
A iniciativa fez com que 2 milhões e 500 mil litros de esgoto deixassem de desaguar no canal da Visconde de Albuquerque diariamente. Isso equivale a cerca de 75 milhões de litros todos os meses.
A comporta do canal é de responsabilidade da Fundação Rio-Águas, da Prefeitura do Rio. Procurada pela reportagem, a Fundação informou que vai enviar uma equipe para vistoriar a situação do canal da Avenida Visconde de Albuquerque esta semana.
O canal foi um pedido do então prefeito do Rio, Carlos Sampaio, em 1922. Ele foi concluído cerca de quatro anos depois e virou um espaço de encontro de conhecidos para inclusive nadar nas águas até então límpidas.