Cerca de 2 milhões de pessoas podem ser afetadas pela paralisação do Sistema Imunana-Laranjal da Cedae. O abastecimento de água foi interrompido na manhã de quarta-feira (3), após a identificação da presença de um produto químico conhecido como tolueno.
Segundo a companhia, a captação só será retomada quando a água estiver totalmente adequada para consumo humano. Os níveis do poluente são monitorados em tempo real, mas ainda não há prazo para que o abastecimento volte ao normal. A orientação é que a população faça uso consciente da água e adie tarefas não essenciais que exijam grande consumo.
O Sistema Imunana-Laranjal abastece Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, os distritos de Inoã e Itaipuaçu de Maricá e a Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro.
O tolueno é uma substância química utilizada como mistura na gasolina, como solvente em tintas, revestimentos e resinas e ainda na fabricação de borracha. Ela é a responsável, por exemplo, pelo cheiro forte da chamada cola de sapateiro. O composto é considerado tóxico e pode afetar especialmente o sistema nervoso.
Moradores relatam falta d'água em alguns pontos desde a manhã de quarta-feira (3).
Em São Gonçalo, o bairro Jardim Catarina, que é vizinho à Estação de Tratamento do Laranjal, está sem água desde o início da tarde de quarta.
A Cedae afirma que acionou o Instituto Estadual do Ambiente e uma equipe de emergência foi ao local para tentar identificar a origem do poluente.
Um vídeo feito pelos agentes mostra uma extensa mancha escura na bacia do Rio Guapiaçu, em Magé, na Região Metropolitana. A contaminação chegou a provocar uma grande mortandade de peixes.
Em uma nota conjunta, a Cedae e o Inea garantem que não há risco de a substância chegar às residências.
O consultor ambiental Luiz Renato Vergara destaca que o sistema não tem capacidade de tratar uma substância como o tolueno e ressalta a importância de reforçar a fiscalização das indústrias próximas às bacias de abastecimento.
A Águas de Niterói diz que está monitorando a situação e está abastecendo locais que prestam serviços essenciais com carros-pipa.
Já a concessionária Águas do Rio, responsável pelo fornecimento nos demais municípios afetados, afirma que oferece caminhões-pipa e balsas-tanque abastecidos por outros mananciais para atender serviços essenciais, como hospitais e escolas.
Em agosto do ano passado, a Estação de Tratamento do Guandu, na Baixada Fluminense, foi paralisada por mais de 13 horas devido à presença de outro poluente. A empresa acusada de despejar o poluente chegou a ser multada em quase R$ 11 milhões pelo Inea, mas a infração foi cancelada, porque a fábrica já havia sido multada pela Prefeitura de Queimados em R$ 1 milhão.
A Burn Indústria e Comércio ainda responde a uma ação civil pública movida pelo Ministério Público, que pediu a condenação por danos materiais e morais causados à população e ao meio ambiente.