Cerca de 9,1 milhões de jovens entre 15 e 29 anos já haviam abandonado a escola sem concluir a educação básica em 2023. A informação é da pesquisa "Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições da vida da população brasileira", do IBGE, divulgada nesta quarta-feira (4).
De acordo com o levantamento, a necessidade de trabalhar foi o principal motivo apontado pelos homens para deixar o colégio. Já no caso das mulheres, gravidez e afazeres domésticos apareceram como as maiores razões, como é o caso da jovem Ana Beatriz Almeida, de 21 anos. Em 2019, ela precisou pausar os estudos ao engravidar.
Em relação ao acesso à escola na etapa adequada, para as crianças de 6 a 14 anos de idade, o Brasil não retornou aos patamares anteriores à pandemia de Covid-19. Em 2019, esse índice era de 97,1%, mas, em 2023, chegou a 94,6%.
A pesquisa revelou também que, no último ano, 15 dos 27 estados brasileiros não atingiram a meta referente à taxa ajustada de frequência escolar líquida estipulada pelo Plano Nacional de Educação. O índice corresponde a proporção de pessoas que frequentam o nível de ensino adequado à sua faixa etária.
No ensino fundamental, a taxa sofreu queda entre as crianças de 6 a 10 anos que deveriam frequentar os anos iniciais, passando de 95,6% de adequação para 90,8%, entre 2019 e 2023. Já no ensino médio, nesse mesmo período, o indicador aumentou de 71,3% para 75%
A especialista em políticas educacionais e ex-diretora global de educação do Bando Mundial Claudia Costin que o fato de dos adolescentes, entre 12 e 14 principalmente, terem começado a trabalhar de forma informal durante a pandemia pode ter influenciada na evasão escolar dessa faixa etária.
Ainda de acordo com o estudo, o acesso à educação para os mais novos voltou a crescer. Para as crianças de 0 a 3 anos, o índice passou de 36% para 38,7%. Nessa faixa etária, os pequenos que não frequentavam escola ou creche eram por opção dos pais ou responsáveis.
A auxiliar administrativa Ana Clara Costa tem um filho de 1 ano e 8 meses. Ela explica que a flexibilidade do trabalho e a vontade de acompanhar de perto o crescimento do bebê são os principais motivos para não colocá-lo na creche.
Além da educação, nessa pesquisa, o IBGE também analisou a estrutura econômica e mercado de trabalho, padrão de vida e distribuição de rendimentos e condições de moradia e saúde dos brasileiros.