
No mesmo dia em que uma mulher foi presa por engano ao procurar a delegacia para denunciar o marido por agressão e descobrir que havia um mandado de prisão contra ela, um homem também denuncia que ficou quase três dias preso indevidamente.
O merendeiro Alex Santos do Rosário, de 30 anos, estava na garupa de uma moto na manhã do último domingo (16), no bairro de Lins de Vasconcelos, na Zona Norte do Rio, quando foi parado em uma blitz. O agente encontrou um mandado de prisão em nome dele, expedido pela Justiça da Bahia, que contava com o CPF e nome da mãe.
O crime em questão seria um assalto em um shopping de Salvador em agosto de 2022. No entanto, Alex estava em um aniversário de 15 anos na data e nunca esteve no estado baiano, como conta a irmã dele, Tatiane Rosário.
Quando o policial retornou, falou com ele 'olha, a gente vai ter que te levar para a delegacia, porque quando puxamos aqui o seu CPF, constou um mandado de prisão, expedido pela Vara Criminal de Salvador'. E aí ele 'que isso! Nunca fui pra Salvador, nunca fui pra Bahia, como assim?' Ele me ligou por volta de seis e pouquinho da manhã, e aí eu atendi, ele desesperado, conseguiu me mandar uma foto desse mandado e pediu 'por favor, irmã, estão me levando para a delegacia!'.
Alex foi transferido para o presídio de Benfica, na mesma região, onde permaneceu preso por quase três dias.
Em contato com amigos, a família conseguiu uma foto do evento em que Alex esteve em Vista Alegre, também na Zona Norte, na data em que o assalto aconteceu em Salvador.
A vítima só foi solta na noite de terça-feira (18), após a advogada conseguir uma audiência com a Justiça da Bahia, que reconheceu o erro.
O nome do verdadeiro criminoso é Alex Rosário dos Santos, enquanto o homem que foi preso por engano é Alex Santos do Rosário.
No alvará de soltura, a Justiça afirma que os dados pessoais e as feições físicas do verdadeiro acusado são completamente distintas das do preso indevidamente, considerando um grave erro.
Tatiane conta como foi a experiência do irmão enquanto esteve preso injustamente.
Ele falou que era uma cela com 70 pessoas, que ele via rato passando o tempo todo, que ele não conseguiu comer, porque a comida, ele falou, a comida estragada, macarrão azedo, fígado estragado. Ele falou que a única coisa que ele comeu foi um pão sem nada e café com leite. Não consegue tomar banho, escovar os dentes, não conseguia dormir. Ele falou que o colchão era cheio de percevejos, ele falou que as pessoas deitavam dormindo e se debatendo, tirando percevejo. Quando acordavam, estavam com a roupa toda cheia de sangue.
A vítima voltou ao trabalho nesta quinta-feira (20), em uma escola municipal no Andaraí, onde atua como merendeiro.
A família afirma que vai tomar medidas jurídicas.
Também no domingo, Débora Cristina da Silva Damasceno foi até a Delegacia de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, denunciar o marido por agressão e pedir uma medida protetiva. Ela terminou presa por conta de um mandado de prisão emitido pela Justiça de Minas Gerais em nome dela, mesmo sem nunca ter ido ao estado.
O engano aconteceu porque o nome da verdadeira criminosa, uma traficante, é Débora Cristina Damasceno. A vítima permaneceu presa por dois dias.