O médico que aparece na assinatura de receitas em branco que foram encontradas na Casa de Repouso Divina Luz, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio, afirmou em depoimento que nunca trabalhou no local que foi fechado por condições insalubres e que não prescreveu nenhum medicamento para pacientes do local. O geriatra disse que teve carimbos extraviados. O profissional de saúde disse que conheceu Edna Fátima dos Santos, de 66 anos, dona do estabelecimento, há cerca de 30 anos. A Polícia Civil investiga o caso. A mulher teve a prisão em flagrante convertida em preventiva em audiência de custódia.
No entanto, a proprietária do estabelecimento admitiu que o médico trabalhava no local de 15 em 15 dias e que o profissional é o único responsável pela prescrição da grande medicação controlada encontrada na clínica. Duas funcionárias da Casa de Repouso disseram que o médico deixava receituário médico assinado e carimbado para todos os pacientes da clínica, a maioria em branco.
Outras receitas do Centro Médico Santa Maria Madalena, clínica particular da Ilha do Governador; e do Hospital Maternidade Fernando Magalhães, da Prefeitura do Rio, também foram encontradas pela Polícia Civil no local totalmente em branco, inclusive sem assinatura de médicos.
A filha da proprietária reconheceu que a dispensa de alimentos da clínica não está em boas condições e que os produtos estragam com mais facilidade. Além disso, ela admitiu que a mãe estava ciente da situação.
Segundo Edna Fátima, nenhum funcionário trabalhava na Casa de Repouso com carteira assinada. Os pagamentos eram feitos mensalmente em um acordo verbal.
O delegado Marcus Henrique de Oliveira Alves disse que a força-tarefa da Polícia Civil e da Subprefeitura da Ilha do Governador aconteceu após diversas denúncias contra a casa de repouso.
O estabelecimento foi fechado na quinta-feira pela Vigilância Sanitária. Na Casa de Repouso foram encontrados alimentos vencidos e com larvas. Um dos quartos anexo ao asilo foi encontrado em condições insalubres com fezes no chão.
16 idosos viviam no local e voltaram para as famílias, segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social.
As investigações apontam que os funcionários estariam cometendo maus-tratos, dopando idosos e falsificando receituários.
Em nota, a Prefeitura do Rio disse que o médico, que seria o profissional responsável pelos receituários, não tem vínculo ativo com unidades da rede municipal de saúde do Rio de Janeiro.
A Clínica Santa Maria Madalena disse que se trata de uso indevido de documentação do hospital, sendo utilizados de forma particular. O comunicado ainda ressalta que o médico aluga salas no centro médico, usando computadores, serviços e convênios da unidade.
A BandNews FM tenta contato com a defesa da proprietária do estabelecimento.