O Ministério da Saúde no Rio de Janeiro afirma que vai demitir o servidor do Hospital Federal Cardoso Fontes acusado de tirar fotos das partes íntimas de uma paciente, enquanto ela estava sedada. A Delegacia de Atendimento à Mulher de Jacarepaguá, na Zona Oeste da capital, investiga o crime de registro não autorizado de intimidade sexual.
O caso aconteceu no dia 25 de julho e foi denunciado pelo urologista que faria o procedimento na paciente. Segundo depoimento à Polícia Civil, o médico saiu da sala para fazer a higienização e, quando voltou, viu um técnico de enfermagem tirando as fotos. Ele estava sozinho com a paciente na sala, que não tem câmeras. Questionado, o funcionário negou o crime e disse que estava procurando sinal de celular. No entanto, segundo o urologista, o servidor teria novamente tirado fotos, mesmo depois de ter sido flagrado.
O técnico saiu da sala, e o procedimento foi realizado. Após a cirurgia, o médio comunicou o que tinha acontecido à chefia de enfermagem, e foi instaurado um procedimento interno. O caso também foi registrado na delegacia.
A paciente, que teve a identidade preservada, só soube do que aconteceu cerca de uma semana depois. Ela relata como, desde então, não consegue parar de pensar no caso.
A sensação é de se sentir suja, sabe? Como se você caísse num mar de lama. Por você se sentir culpada por alguém ter feito algo com você, porque vítima você não se sente. Você se sente exatamente assim, culpada, com a sensação de que eu que provoquei.
Além do médico, os investigadores apreenderam o celular do suspeito e já ouviram em depoimento a mulher, o suspeito e testemunhas.
O técnico de enfermagem já tinha quatro passagens pela polícia, uma delas por crime semelhante e uma segunda por ameaça.
O caso foi enviado para o Juizado Especial Criminal, que cuida de infrações de menor potencial ofensivo. A pena para registro não autorizado de intimidade sexual é de detenção de 6 meses a um ano e multa. O advogado da vítima, Nicolas Di Iulio, afirma que pediu para que o caso seja tratado como estupro de vulnerável e enviado para uma vara criminal.
Essa defesa entende que a partir do momento que o acusado se aproveita da situação de fragilidade, da vítima estar desacordada, vulnerável, ao retirar essas fotos, ele tem dois objetivos: armazenar as fotos para satisfazer os seus desejos sexuais ou para a divulgação das imagens.
Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, a decisão de desligar o técnico de enfermagem foi tomada na última sexta-feira (23), e a vítima está recebendo o suporte necessário.
Em nota, o Conselho Regional de Enfermagem do Rio disse que o processo foi encaminhado à Câmara de Ética, que analisa o caso. A BandNews FM tenta contato com a defesa do suspeito.