Marinha amplia patrulhamento no Lins, após médica ser baleada no Hospital Marcílio Dias

A ocupação da Marinha na área adjacente vai contar com oito veículos blindados e 250 fuzileiros navais

Por Gabriela Morgado

Marinha amplia patrulhamento no Lins, após médica ser baleada no Hospital Marcílio Dias
A Polícia Militar disse que o policiamento está reforçado na região
Reprodução

A ocupação da Marinha na área adjacente ao Hospital Naval Marcílio Dias, no Lins, na Zona Norte do Rio, vai contar com oito veículos blindados e 250 fuzileiros navais. A ação pode acontecer sem um decreto de intervenção ou Garantia da Lei e da Ordem, já que é para proteção de área militar, com limite máximo de pouco menos de um quilômetro e meio de distância da unidade. Dentro dessa área, estão favelas do Complexo do Lins, que fica no entorno do hospital e é dominado pelo Comando Vermelho.

O comandante Dirlei Donizette, capitão de Mar e Guerra, explica que a ação se dará com patrulhamento ostensivo.

A permanência da Marinha na área do hospital vai acontecer por tempo indeterminado. Por volta das seis da manhã desta quinta-feira (12), blindados já eram vistos no local. Mas Carolina Grillo, coordenadora do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da UFF ressalta que há limites além dos físicos para a atuação dos militares.

Nesta quinta-feira, o governador Cláudio Castro voltou a pedir a ajuda do Governo Federal para a segurança no estado.

Mas segundo o antropólogo da UFF Lênin Pires, a ação da Marinha é um improviso, já que a segurança na área deveria ser garantida com planejamento do Governo do Estado.

A Marinha vai ocupar ali, mas e os outros lugares? É uma coisa dissociada da política de segurança pública do Estado, que, em tese, deveria ser o responsável. É um grau de improviso num assunto que é absolutamente fundamental. O sinal que está sendo dado aí é 'olha, eu não confio na política do Governo do Estado, então eu vou fazer a minhs própria política aqui.

A Polícia Militar disse que o policiamento está reforçado na região.

A ação começa dois dias depois da morte de uma médica, capitão de Mar e Guerra, do Hospital Marcílio Dias, Gisele Mello.

Funcionários denunciam há anos o convívio com a violência na região. Tiroteios são constantes, e pacientes já chegaram a ser baleados, segundo os relatos. A capitão da Marinha Gisele Mello, vítima mais recente, foi atingida por uma bala perdida, enquanto participava de uma cerimônia de entrega de medalhas em um dos prédios do hospital.

A perícia da Polícia Civil apontou que o tiro que atingiu Gisele partiu de bandidos que estavam no morro da Cachoeirinha e tinham como alvo um blindado da Polícia Militar na comunidade do Gambá. As duas favelas ficam dentro da área que pode ser ocupada pela Marinha, que chega ainda até o Méier, bairro vizinho. 

O corpo de Gisele vai ser cremado na tarde desta quinta, em cerimônia privada.

Pelas redes sociais, a família pediu mais segurança. Um dos filhos de Gisele fez 22 anos no mesmo dia da morte da mãe. O outro, de 30, trabalha como assessor parlamentar da vereadora Mônica Cunha. Ela ressalta que vai se reunir com outros vereadores para discutir medidas de acolhimento a vítimas da violência armada.

Enquanto vice-presidente da Comissão dos Direitos Humanos, eu vou propor para a gente fazer uma moção de repúdio para o governador, para o prefeito. Para a gente tentar atender as famílias que precisarem que a gente encaminhe para um atendimento. Olha como é que essa família está. Essa mulher saiu de manhã para um evento na Marinha, no local de trabalho dela, e a mulher não voltou para comemorar o que já estava marcado, que era o aniversário do filho. O dia que ela pariu o filho dela. Ela não pôde comemorar a chegada dos 22 anos dele. Então é muito grave, é muito grave.

Mônica Cunha e a vereadora Luciana Novaes foram autoras de um projeto de lei que cria o Programa de atenção Psicossocial às Vítimas da Violência.

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