83% das pessoas entrevistadas pela Secretaria Municipal de Educação na consulta pública sobre a proibição de celulares durante todo o horário escolar são favoráveis a medida. Mais de 10 mil cariocas foram ouvidos pela pasta.
O resultado, divulgado nesta terça-feira (23), apontou ainda que 6% das pessoas são contrárias. Já 11% foram parcialmente favoráveis.
Desde agosto do ano passado, o uso dos aparelhos tecnológicos dentro de salas de aula da rede municipal está proibido, após a publicação de decreto. Agora, a Prefeitura estuda expandir a medida e banir os celulares de todos os ambientes escolares.
Com isso, os alunos também não poderiam usar o aparelho nos intervalos entre as aulas ou no recreio. A exceção é quando foi autorizado pelo professor para fins pedagógicos ou para alunos com deficiência ou problemas de saúde que necessitam destes dispositivos.
A professora aposentada Glória Maria diz que uma das motivações que fez com que ela parasse de dar aulas foi o uso excessivo do celular em sala de aula.Não adianta, você não consegue ministrar aula, você não consegue passar conteúdo com os alunos usando celulares. Porque eles não focam na aula, estão totalmente distantes. Eu posso dizer que antes do uso do celular em sala de aula, como era maravilhoso. Eu hoje estou aposentada, parei de dar aula muito cedo, por causa disso. - Diz a professora
Já o motorista de aplicativo Henrique Vieira diz que utilizou da própria tecnologia para impedir que o filho usasse o celular na escola.
A única funcionalidade que o telefone tinha era poder ligar para mim ou para um outro responsável, só. Nada além disso o telefone funcionava no horário da escola. Era configurado pelo aplicativo. Então, nunca tive problema dele levar o telefone. - Fala o HenriqueUm estudo do PISA, que é a maior rede mundial de avaliação de desempenho escolar, revelou que mais de 80% dos alunos do Brasil, Argentina, Chile e Uruguai relataram serem distraídos pelo uso de dispositivos digitais em aulas de matemática. Além disso, 45% dos alunos no mundo dizem ficar nervosos ou ansiosos sem o telefone por perto.
O secretário municipal de educação, Renan Ferreirinha, explica que não é contra o uso da tecnologia na educação, se usada de forma consciente e responsável.
Da mesma forma que outros países estão enfrentando esse problema, nós não podemos ficar parados. A gente não pode se omitir de um tema que tanto atrapalha o desenvolvimento das nossas crianças e adolescentes. Precisamos frear essa epidemia de distrações, frear esse isolamento social causado pelo uso excessivo dos celulares, que, por sinal, tem gerado grave transtornos de ansiedade e depressão entre nossas crianças. E é importante dizer que ninguém é contra o uso da tecnologia na educação, mas ela precisa ser usada de forma consciente e responsável. - Explica o secretárioA pasta vai analisar as contribuições recebidas na consulta pública, consolidar os dados e definir as novas medidas a serem tomadas.