Mais de 40% dos jogadores negros do futebol brasileiro foram vítimas de racismo

A informação faz parte de um levantamento sobre a diversidade no esporte no país

Por Gustavo Sleman

Mais de 40% dos jogadores negros que atuam nas principais divisões do futebol brasileiro afirmam que já foram vítimas de racismo. A informação faz parte de um levantamento sobre a diversidade no esporte no país produzido pelo Observatório da Discriminação Racial no Futebol, em parceria com a CBF.

O estudo ouviu 508 profissionais, entre atletas e membros da comissão técnica e de arbitragem das Séries A e B do Campeonato Brasileiro masculino, e das A1 e A2 do feminino na temporada 2023. De acordo com a pesquisa, 53% dos casos aconteceram em estádios e 31% por meio de mensagens e postagens em redes sociais. 11% foram registrados em outros espaços de atuação dos atletas, como centros de treinamento e nas sedes dos clubes.

Quem participou do levantamento respondeu que 35% dos ataques teriam acontecido como piadas ofensivas, sendo que 15% dos participantes revelaram ter sido atacados por membros da própria equipe. Apenas 1,74% reconheceu ter cometido o crime de alguma forma.

O ex-goleiro Aranha foi alvo de ofensas racistas de uma torcedora do Grêmio em 2014. Para ele, o racismo possui uma relação histórica com a origem do futebol.

Entre os indígenas, 31% contaram ter sido vítimas de racismo no futebol. Os dados ainda apontam que 21% dos participantes sofreram ofensas xenofóbicas, mas apenas 3% decidiram denunciar.

A pesquisa também abordou os perfis religiosos e de orientação sexual. Apesar de estudos nacionais e internacionais estimarem que 8,5% da população brasileira seja parte da comunidade LGBTQIA+, apenas 1% dos homens se declararam homossexuais ou bissexuais no cenário esportivo. Ao todo, 43% dos ataques homofóbicos aconteceram em estádios.

Em relação à religião, somente 2,75% dos praticantes do candomblé e da umbanda relataram que as crenças deles são respeitadas.

Com abrangência nacional, a coleta de dados aconteceu de forma voluntária e virtual, durante os meses de julho e agosto de 2023.

A procuradora da República Aline Caixeta destaca a importância da pesquisa.

O estudo é parte de um termo de compromisso assinado pela empresa Fisia, detentora dos direitos para comercialização dos produtos da marca Nike no Brasil, com o Ministério Público Federal.  

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