O grupo de moradores que foi às ruas de Copacabana e de outros bairros da Zona Sul do Rio com a intenção de fazer justiça com as próprias mãos pode ser criminalizado. Os chamados justiceiros fizeram convocações para atos de violência na Internet, devido a uma onda de assaltos na região.
No último sábado (2), um idoso chegou a ficar desacordado após levar um soco de criminosos.
De acordo com o secretário de Estado de Segurança Pública, Victor César dos Santos, aqueles que não chegaram a ir às ruas, mas incitaram a violência nas redes também podem sofrer punições.
Ele afirmou que a delegacia da região está analisando imagens e redes sociais para identificar o grupo.
"Na esfera criminal, não há uma responsabilidade objetiva, ela tem que ser subjetiva. Tem que analisar o que falou, como falou para entender se é crime. Por exemplo, incitar crime é um crime previsto no código penal. Exercício das próprias razões, que é quando a pessoa acha que pode fazer justiça com as próprias mãos, é crime. Sem contar uma lesão corporal, tentativa de homicídio ou até um crime mais grave."
Desde a década de 90, esses grupos já se mobilizavam com o objetivo de agredir bandidos que assaltavam no bairro da Zona Sul do Rio.
A Polícia Civil também tenta identificar um grupo de pessoas que aparecem em um vídeo fazendo ameaças a moradores e dizendo que iria continuar a cometer assaltos em Copacabana.
A declaração do secretário foi dada nesta quarta-feira (6), quatro dias após o caso do idoso agredido. Victor César dos Santos afirmou ainda que os índices de violência de outubro desse ano em comparação com o mesmo mês do ano passado melhoraram. No entanto, dados do Insituto de Segurança Pública mostram crescimento de 25% no número de roubos em Copacabana de janeiro a outubro deste ano, na comparação com o mesmo período de 2022.
Para melhorar a atuação da polícia no bairro, Victor César dos Santos disse que vai investir em tecnologia.
"O investimento em tecnologia é o que vai nos ajudar a fazer com aquele batalhão possa utilizar o recurso. O policial não é onipresente, ele não consegue estar em todo lugar. A população de Copacabana é um bairro muito populoso e a característica dele é pessoas idosas. As pessoas gostam de andar pela rua, isso é comum encontrar, em mais variados horários."
Em nota, a Polícia Militar disse ainda que vai criar um corredor de segurança no bairro, entre às 18h e 23h. Viaturas vão ficar baseadas ao longo da Avenida Nossa Senhora de Copacabana, durante a Operação Verão. Em seguida, o corredor será reposicionado ao longo da Avenida Atlântica.
A violência em Copacabana ganhou mais repercussão, após a agressão ao idoso no fim de semana. O empresário identificado apenas como Marcelo estava tentando proteger uma mulher do ataque de criminosos e, sem saber, evitou uma tragédia ainda maior.
A personal trainer Natália Fersi tem Leucemia Linfocítica Crônica. A doença causa redução no número de plaquetas, e consequentemente, dificulta a coagulação do sangue. Diante do quadro, Natália conta que uma agressão poderia ser fatal.
Ainda durante a reunião nesta quarta, as forças de segurança anunciaram que vão intensificar as abordagens em Copacabana. A Polícia Militar disse ainda que está em contato com lideranças de moradores para desestimular ações de justiceiros.