Investigações da Polícia Federal e do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio, o Gaeco, apontam forte ligação entre o ex-vereador do Rio Marcelo Siciliano e milicianos do bando chefiado por Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho. Entre eles, Vitor Eduardo Cordeiro Duarte, conhecido como Tabinha, preso em agosto de 2022 por fornecer armamentos e munições à quadrilha.
Conversas transcritas na denúncia a qual o jornalismo da Band teve acesso mostram que Siciliano conseguiu ajuda da milícia durante a campanha para deputado federal em 2022. Ele não foi eleito.
Em um dos diálogos, fica claro que Vitor estava à frente da divulgação da imagem do político. Tabinha chegou a organizar um evento de um bingo no dia dos pais que tinha como apoio cultural no cartaz o nome de Marcello Siciliano. No entanto, segundo a denúncia, o evento custaria à milícia uma televisão, uma airfryer, 5 malas de cerveja, bicicleta, ventilador, além do grupo de pagode no valor de mil reais e o som, por 450 reais.
Siciliano chegou a ser convidado para o evento, mas não compareceu, porque era no mesmo dia do aniversário dele. Mesmo assim, o documento ainda aponta que o ex-vereador recebeu felicitações do miliciano, que o chamou de irmão.
A denúncia da PF e do Gaeco aponta que a aproximação dos dois vai além. Tabinha pediu a Siciliano a transferência de dois policiais militares para o batalhão de Santa Cruz, na Zona Oeste, e que eles atuassem no setor de inteligência, mas a mudança não aconteceu.
As conversas foram obtidas no inquérito da operação Dinastia II, deflagrada no mês passado contra o núcleo financeiro e político da milícia de Zinho.