Levantamento revela redução do ritmo de crescimento da letalidade policial

Entre 2021 e 2022 a alta foi de 13,9% enquanto o aumento entre 2020 e 2021 foi de 49,3%

Por João Videira (sob supervisão)

A implementação de câmeras nas fardas ajudou a reduzir ritmo da letalidade policial Philippe Lima/Governo do Estado
A implementação de câmeras nas fardas ajudou a reduzir ritmo da letalidade policial
Philippe Lima/Governo do Estado

Um levantamento encomendado pela BandNews FM ao Instituto Fogo Cruzado mostrou que a implementação de câmeras eletrônicas nas fardas policiais diminuiu o ritmo de crescimento da letalidade policial. Entre 2021 e 2022 a alta foi de 13,9% enquanto a o aumento entre 2020 e 2021 foi de 49,3%. 

Indicada por especialistas como uma estratégia para controlar a letalidade policial -  que leva em conta o número de mortes de civis e agentes durante operações policiais - as câmeras começaram a ser implementadas no Rio em maio deste ano. 

Para a jornalista e especialista em segurança pública, Cecília Oliveira, há um bom sinal de mudança, mas o caminho ainda é longo para a resolução dos problemas. 

Nós sequer temos um banco nacional de homicídios, tampouco um banco de munições. Isso significa que não temos dados sobre a segurança Antes mesmo de defender a importância pura e simples da utilização delas, é preciso que a gente se atente a detalhes técnicos e operacionais que possam colaborar com informações, diz ela.

O uso de câmeras em uniformes policiais visa dar mais transparência ao trabalho dos agentes e garantir a segurança de militares e moradores. 

Se já estivesse em uso em 2021, a tecnologia poderia auxiliar no esclarecimento da morte da modelo grávida Kathlen Romeo, de 24 anos, atingida durante uma operação no Complexo do Lins, na Zona Norte do Rio. 

De acordo com a denúncia do Ministério Público do Rio, PMs alteraram a cena do crime e acrescentaram 12 cartuchos deflagrados e um carregador de fuzil, com dez munições intactas. Para o órgão, os policiais tentaram "criar vestígios de suposto confronto com criminosos". 

Familiares acusam a Polícia Militar. O pai da vítima, Luciano Gonçalves, ainda sente a dor pela perda precoce. 

A gente ainda tem a expectativa de que aquilo foi tudo uma brincadeira de mau gosto. É um misto de sensações: de raiva, tristeza, angústia. Ela era a coisa mais grandiosa na nossa família. Desde então, o tiro que minha filha toma a gente todos os dias, desde o dia 8 de junho de 2021. Minha família está acabada. Junto a ela foi nossa alegria, nossa felicidade e o nosso projeto família.

As câmeras operacionais portáteis foram adquiridas no ano passado pelo Governo do Estado do Rio, por meio do Programa Estadual de Transparência em Ações e Defesa Civil. Até a semana passada, na Polícia Militar, 8.992 câmeras corporais estavam sendo usadas em todos os batalhões do Estado. 

Procurado pela BandNews FM, o Governo do Rio disse prever a compra de cerca de 5 mil bodycams, numa segunda fase de contrato de aquisição. Além disso, em nota, o Governo do Estado ainda afirma expandir o uso dos aparelhos para outras áreas. 

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