A Anvisa interditou o laboratório PCS, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, após seis pessoas que receberam órgãos transplantados testarem positivo para HIV. A unidade foi responsável pela testagem dos doadores, mas os exames feitos na época das mortes deram negativo para o vírus.
Além disso foram encontradas inúmeras irregularidades no estabelecimento médico. Entre elas, a falta de kits para exames. A notificação do primeiro caso de transplantado infectado pelo vírus foi feita no dia 10 de setembro, no Estado do Rio de Janeiro.
A PCS Laboratórios tem contratos com a Secretaria Estadual de Saúde desde 2021. O serviço envolvendo o procedimento em transplantes foi contratado por R$ 11 milhões, em um momento em que o Hemorio estava sobrecarregado.
Para conseguir prestar serviço ao Governo do Estado, a PCS reuniu atestados de capacidade técnica de conhecidas empresas da área de saúde. Agora, o laboratório está proibido de atuar em todo o Rio de Janeiro.
A rede também mantinha contratos com a Prefeitura de Nova Iguaçu e a Unimed.
Em nota, o laboratório PCS informou que abriu sindicância interna para apurar as responsabilidades e que informou à Central Estadual de Transplantes os resultados de todos os exames de HIV realizados em amostras de sangue de doadores de órgãos entre 1º de dezembro de 2023 e 12 de setembro de 2024, período em que prestou serviços à Fundação Saúde.
De acordo com a empresa, nos procedimentos foram utilizados os kits de diagnósticos recomendados pelo Ministério da Saúde e pela Anvisa.
O PCS afirmou ainda que vai dar suporte médico e psicológico aos pacientes infectados com HIV e familiares e que está a disposição das autoridades que investigam o caso.
A Prefeitura de Nova Iguaçu afirma que o contrato com a empresa PCS Laboratório Saleme foi encerrado em fevereiro deste ano, passando a ser administrado pelas OS responsáveis pela rede de atenção básica do município. Já o contrato entre o PCS e a OS foi encerrado nesta quinta-feira (10), assim que a Secretaria Municipal de Saúde recebeu a notificação sobre a interdição cautelar feita pela Anvisa.
Já a Unimed Nova Iguaçu diz que o laboratório não faz mais parte da rede de prestadores da cooperativa a partir da presente data.
CREMERJ ABRE SINDICÂNCIA
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro abriu sindicância apurar denúncias. Segundo o presidente do CREMERJ, Walter Palis: "A situação é gravíssima e o CREMERJ reafirma seu compromisso de apurar os fatos com todo o rigor. A segurança dos pacientes é fundamental para garantir o bom exercício da medicina no estado do Rio de Janeiro e supostas falhas desse tipo são inaceitáveis”, afirmou.